domingo, 10 de abril de 2011

Via Sedex (Parte II)

Esta é uma resposta a carta do Ódio, escrita pelo ilustríssimo poeta @elvisfilho. Por isso peço, com carinho, que leiam o texto dele antes para poderem entender o meu. O link é: http://poemasavulsos.blogspot.com/2011/04/via-sedex.html (Abram em uma nova janela, ok? ;-) ) Origada. Abraços!




         Corações felizes, 10 de Abril de 2011

         Caríssimo Ódio,

         Primeiramente, quero dizer que respeito seus pontos de vista. Eu não sou tão exigente quanto a palavras bonitas como pareço, mas faço questão de sentimentos sinceros. Afinal, do que adiantaria você discorrer um brilhante e multicolorido “eu te amo” se sempre que eu te ligasse você pensasse: “Af, por que esse Amor tem que ficar me ligando?”. Eu prefiro ser esquartejado e ter meus pedaços jogados ao relento do que ser submetido a um apreço de fachada. Er... Desculpe-me o arroubo poético.
         Segundo dizem, uma linha tênue separa-nos. Uma linha quase invisível, fina e transparente como o fio de náilon. Uma barreira quase intransponível como a Muralha da China. Eu posso ver, do meu lado, as atrocidades que você faz com os corações que já não se amam mais, levando-os a cometer insanidades, assim como eu faço com eles quando estão apaixonados. E eles se deixam levar por você tanto quanto por mim.
         Sabe o que eu penso acerca de nossa semelhança? Penso que somos irmãos gêmeos, que desde o nascimento usavam o mesmo corte de cabelo e roupas idênticas. Todavia, um dia, na rebeldia da adolescência, você cansou disso e decidiu ser o meu oposto (não tão divergente ao que parece). E hoje estamos aqui, milenares e caquéticos, trocando pensamentos por carta, quando apenas um fio de náilon nos separa. Inclusive, estou observando seus movimentos enquanto escrevo estas linhas.
         Gostaria que você fosse um pouco menos frio e fechado para que pudéssemos conviver harmoniosamente, sem ser preciso um se ausentar da grande festa que é a vida quando o outro estivesse presente. Convivendo juntos e dialogando pacificamente, creio que eu poderia ajudá-lo a ser mais compreensivo e tolerante, enquanto você me ensinaria a ser mais independente e sério. Com sua ajuda, certamente, aprenderia a dizer “não” a algo que me machucasse, ao invés de ficar esperando as coisas pararem de ferir.
         Depois de expor meus devaneios românticos acerca de nós, eu encerro esta carta. Você provavelmente já deve estar farto de minha melação e a ponto de rasgar este inocente pedaço de papel.

Com as mais sinceras estimas
Amor

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