terça-feira, 28 de julho de 2015

Nó cego

            Eu quero amar. Quero muito, mas ainda tenho medo. Medo de abrir o peito; medo de permitir que o Amor faça morada em meu coração novamente. Eu quero amar. Profunda e verdadeiramente. Porém, tenho medo dos pensamentos que me assaltam desde já: quem eu sou, quem fui, sou hoje diferente do que era no meu último mergulho, da última vez que o Amor foi meu inquilino? Serei, hoje, outra mulher e outro rio? Nem Heráclito de Éfeso saberia responder.
            Eu quero amar. Contudo, tenho medo de ser ainda a mesma. Ou, antes, ser diferente e não saber lidar com essa diferença. Estou mais sensível, isto é fato. E esta sensibilização toda me assusta, pois prenuncia uma entrega ao amor ainda mais total e completa, porém não necessariamente recíproca.
            Eu quero amar. Entretanto, não sei o que seria de mim se desse meu corpo e minha alma a mais alguém e não os pudesse recuperar em tempo oportuno.
            Eu quero amar. De verdade. Juro que não minto quanto a isto! Todavia, não tenho forças, ainda, para entregar meu coração a alguém. Eu quero amar, mas não sei como desatar os nós que eu mesma dei para proteger o meu coração e a mim. Eu quero amar! Alguém me ensine a desatar este nó cego!