sábado, 30 de abril de 2011

Luxúria


Esta louca e insana vontade
De te abraçar
Te apertar
Te amassar.

Deveras devo estar demente
Carente
Por querer-te caliente
Dormente.

Me toca
Me cheira
Me toma por inteira.

Sem regras
Sem queixas
Me apalpa
Me beija.

Sou tua
Estou nua
Me possua.

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Livre

Hoje quero despir-me de todo excesso...
De romantismo...
De pessimismo...
De insegurança...
De medo...
De conservadorismo...
De saudade...
Quero ser livre de todo excesso de...
Mágoa...
Frustração...
Intelectualismo...
Inexperiência...
Solidão.
Assim encontrarei a felicidade.
E ela atende pelo seu nome.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Gente, bom dia. Esta historieta me veio hoje assim que acordei, mas não consegui pensar em um título decente para ela (sou péssima com títulos! rs). Se alguém tiver alguma sugestão, pode deixar nos comentários, ou em outro meio que possua de me contactar =D... Kissus! E espero que entendam a verdadeira história por trás da história (eita!) rsss


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A história que vou lhes contar é deveras antiga,
Mas ainda se perpetua até hoje em dia.
Essa história tem monstros gigantes
Que brincam, lutam, se enroscam, se roçam.
Também tem mares agitados e revoltos
Com ondas fortes que se chocam com as pedras.
Ventos quentes e intensos saem de dentro
Das cavernas dispostas umas de frente para as outras.
A escuridão é completa, salvo por algumas faíscas
Que vemos mesmo com os olhos fechados.
E, mesmo escuro, não é frio. Muito pelo contrário.
É quente, muito quente, e o calor só aumenta.
Ainda tem, às vezes, alguns cipós que nos envolvem
E nos prendem ao outro, deixando  nossos corpos colados.
Esta história trata-se - nada mais, nada menos que -
Da descrição de um (vigoroso) beijo apaixonado.




segunda-feira, 25 de abril de 2011

Carta Perdida

Meus olhos sussurram, 
Mas você não escuta.
Minhas palavras gritam, 
Mas parecem soar mudas.

Não importa minha taquicardia
Ou meu suor frio.
Não importa se com os olhos sorrio.
Você não percebe que te ver
É minha maior alegria.

Esta é mais uma carta perdida
Fruto de uma apaixonada frustrada
Por não ter a loucura
De dizer teu nome a alvorada.

Amo você tanto que mal caibo em mim.
É só o que posso dizer.
Por enquanto.

domingo, 24 de abril de 2011

Aprendizes no Amor

Este pequeno conto foi escrito a pedido de uma amiga. Resolvi escrevê-lo no estilo dos romances históricos para deixá-lo mais poético. Se você não estiver apaixonado ou for avesso a coisas muito românticas, sugiro que não dê prosseguimento a leitura. HAHAHA! Espero que goste e não se acanhe: pode deixar suas impressões lá embaixo nos comentários rsss =D Kissus!


         Alessa estava apoiada no parapeito da janela, a mão no queixo, os olhos cintilantes e perdidos n’alguma lembrança. A paisagem à sua frente era belíssima, a grama verde do jardim reluzia à luz do sol, e as colinas em torno da propriedade de seus pais pareciam reservar algo muito bom.
         Um som distante ressoou. O relógio da sala marcava exatamente oito da manhã. Alessa aprumou-se, ajeitou a saia de seu vestido perolado, correu ao espelho e arrumou a trança no cabelo. Ele estava chegando!
         O coche parou rente a entrada e Bertoli desceu um tanto atrapalhado com a maleta numa mão e segurando o chapéu – que insistia em voar – com a outra. Alessa correu para a sala de estudos quando o viu, sentou-se à mesa e fingiu ler um livro.
         Quando Bertoli entrou no cômodo, esboçou um largo sorriso ao vê-la aparentemente tão concentrada. Ela o olhou pelo canto dos olhos, seu coração estava em vias de sair pela boca. E no exato momento em que seus olhares se encontraram, sua pele enrubesceu.
         - Está pronta para começarmos, senhorita?
         - O que disse, senhor? – Seus olhos estavam completamente imersos nos dele.
         - Os estudos, senhorita. Podemos começar?
         - Oh, sim! Claro!
         - Se me permite o comentário, está com o semblante tão luminoso hoje.
         - Obrigada. – E ficou vermelha. – São seus olhos.
         - Vamos começar? – Bertoli mudou de assunto abruptamente, tentando evitar que suas faces também corassem.
         Alessa assentiu e começaram por literatura. A leitura de poesias clássicas e romances inspiradores na voz máscula e vigorosa dele fazia Alessa perder constantemente o foco e imergir em suas utopias sobre o homem à sua frente. Ele era tão lindo! Não tinha muito porte, mas os traços fortes contrastavam – numa combinação perfeita – com seus olhos doces e seu sorriso jovial.
         - Senhor Bertoli, desculpe-me a ousadia, mas poderia lhe fazer uma pergunta deveras íntima?
         - Claro, senhorita – disse, tentando conter-se, mas ainda pôde ser visto um leve rosado em suas bochechas.
         - O senhor teria coragem de declarar-se para a mulher amada?
         - Lógico que sim! Não, minto. Agora a senhorita me deixou numa situação difícil. – Alessa riu. – Meu rosto está vermelho como um tomate, não é?
         - Sim. Mas está mais lindo ainda. – A última frase saiu sem que pudesse segurar as palavras. Então foi a vez dela corar.
         O minuto de silêncio que seguiu pareceu infindo.
         - Senhorita, acho que já estudamos o bastante por hoje. – E começou a recolher suas coisas.
         - Não, espere! – Ela, atrevida e impulsivamente, pôs sua destra sobre a dele. Balbuciou: - Sente o mesmo que eu, não é?
         - Sinto. Mas não deveria sentir. – Bertoli evitava olhá-la nos olhos. – Sinto muito se alimentei alguma esperança sua.
         - Pare. Você está com medo. Eu também. Mas nem por isso quero abdicar deste sentimento. Quero vivê-lo!
         - Eu também. Não, já estou falando sem pensar.
         - Não pense. Aja.
         - Senhorita...
         - Alessa.
         - Alessa, entrarei nessa sem saber se sairei vivo – balbuciou arfante. E beijou-a vigorosamente, trazendo-a para junto de si.
         - Sim, foi assim que sonhei este momento – sussurrou.
         - Depois dessa, seus pais não me deixarão mais ser seu professor.
         - Não me importo. Quero que seja mais importante que isso em minha vida.
         - E eu serei, mesmo que para isso tenhamos que criar um mundo só para nós.
         Alessa sorriu e Bertoli roubou-lhe mais um beijo.

sábado, 23 de abril de 2011

Novo Inquilino

     O amor chegou, pagou um mês adiantado, se instalou. Deixei-o ficar, o dinheiro era mesmo precisado. Não  me deu moedas de ouro ou prata, mas uma centelha de alegria me prometeu. Não trouxe caixas ou bagagens grandes, apenas uma mala pequena numa mão. Perguntei o que havia na dita que parecia tão pesada, e ele nada disse demais, apenas que era um sentimento puro e grande. Pedi que a abrisse, afinal aquilo era uma casa de respeito. Meio sem jeito, o amor abriu a mala e nada vi. Aí quem ficou envergonhada fui eu. Queria saber a cor, o cheiro, o sabor e a forma do sentimento que ele carregava, mas não pude. Ele disse que tristeza de nada adiantava, na hora certa eu seria capaz de vê-lo. Já era noitinha, então permiti que subisse ao seu novo lar. Confidenciou-me que queria se banhar e depois quem sabe descansar. 
     Não dormi a noite inteira, concebendo suspeitas acerca do sentimento dentro da mala. Formei várias imagens diversas, imersa em preceitos e crenças sobre o sentimento que o amor sempre traz consigo. Todas as imagens, entretanto, eram utópicas demais para fazerem sentido.
      O dia amanheceu. Preparei um café da manhã especial para o meu novo inquilino. Surpreendi-me ao vê-lo surgir com a mala rente ao corpo. Inquiri-o o porquê disso e ele disse que o seu conteúdo era por demais precioso. Aquilo era incrivelmente suspeito, mas mantive minhas desconfianças em segredo.
     A cada dia que passava, ficava mais curiosa. Para todo canto que ia, a mala o amor levava. Parecia ter medo de xereteiros como eu. Perguntei-lhe em certa feita a razão de tanto zelo. Como costumeiro, foi vago e revelou que o sentimento só podia ser entregue em mãos. E eu fiquei ali, do lado da curiosidade, sofrendo de antemão.
     Não obstante, um dia, o amor saiu, disse que ia fazer uma viagem para muito distante, mas a mala deixou. Fiquei surpresa, ansiosa, assustada. A dona da mala era eu? E por que ele não disse antes? Abri-a abruptamente, e de dentro saiu uma luz forte e brilhante, de uma cor que nunca vi semelhante. Havia também uma carta com os seguintes dizeres: "Entregue para o objeto de sua afeição numa noite enluarada!". Foi quando me dei conta e tive certeza que estava apaixonada. Percebi também que, o período em que o amor esteve aqui, nada mais foi que o momento que passei confabulando sobre a veracidade do afeto que nutro por ti. Amo você e nada mais há a se dizer.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Perguntas Para Nunca se Fazer

         1. Você me acha bonita? (Lógico! Se ele não a considerasse bonita aos seus olhos, já teria procurado uma que fosse.)
         2. Você acha que eu deveria me arrumar mais? (O homem que não gostar de uma mulher vaidosa levante a mão! É, não vejo nenhuma destra levantada.)
         3. Você acha fulana bonita? (Se ele nunca tiver visto a bendita, ou pelo menos não tiver se detido em suas feições, ele vai passar a observá-la só por causa do que você disse.)
         4. Por que você me escolheu? (Antes de tudo conheça-se, assim você terá uma ideia do que pode tê-lo atraído.)
         5. Você se arrepende de ter me escolhido? (Bom, se ele tivesse se arrependido, já teria caído fora, não acha?)
         6. Você me ama tanto quanto amou fulana (alguma ex)? (Primeiro, quero dizer que cada amor é diferente, pois é nutrido por pessoas diferentes. Segundo, pra quê lembrá-lo esse amor do passado?)
         7. Você gostaria que eu fosse como ela? (Minha santa, você quer mesmo abdicar de sua individualidade? Pare pra pensar um pouco: se ele quisesse alguém como ela, ainda estaria com a dita, não concorda?)
         8. Você acha que eu ligo (manda torpedos, e-mails, etc.) demais? (Nem perca seu tempo perguntando, porque todos eles vão dizer que sim, a menos que você seja como uma conhecida minha que nunca dá atenção para o namorado.)
         9. Você acha que eu sou muito complicada? (É de lei: todos os homens nascem e crescem achando que as mulheres são muito complicadas.)
         10. Você acha que nossa relação tem futuro? (Se você fizer essa pergunta a um homem, ele vai entender o seguinte: “Você acha que a gente vai casar?”. Então, se você não quiser pôr em risco a sobrevivência do relacionamento, é melhor não perguntar. E outra: ninguém detém o futuro nas mãos, só possuímos o presente.)

         Estas são algumas das “n” perguntas que as mulheres não devem fazer, principalmente no começo do relacionamento, e algumas também podem ser traduzidas para o gênero masculino, mas as respostas podem mudar um pouco. Risos.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Corações Desolados

     É incrível como, a partir do momento em que nos apaixonamos, já tomamos posse do outro, mesmo que ele não saiba disso. Em nossos pensamentos mais secretos e em conversas informais com pessoas amigas na ausência do nosso objeto de afeição, chamamos o mesmo de "meu branquinho", "meu amor", "minha linda", "minha gatinha" e etc. Queremos que a pessoa seja nossa no sentido mais possessivo do pronome, mas temos, muitas vezes, um medo absurdo de declararmos o nosso amor, por quaisquer que sejam os motivos.
     Um dia, não cabemos mais dentro de nós (nossa alma espreme-se no cubículo chamado corpo humano com a paixão) e regurgitamos este sentimento sobre a pessoa. Às vezes temos a sorte (uma grande sorte) de a pessoa dizer que nos corresponde. Então começa-se um relacionamento amoroso qualquer, variando de nome de acordo com a intensidade e o interesse em assumir compromissos de ambas as partes. Mas de uma coisa pode ter certeza: são beijos, muitos beijos, alguns dignos de serem indiciados por crime de atentado ao pudor; mãos e mais mãos que dançam frenéticas ao som de algum quarteto de hormônios, e outras coisas mais que invadem o eu mais íntimo de cada um.
     O período passional é envolvente e gostoso, isso é indubitável, mas nem sempre as histórias reais tem um final feliz. Como resultado, temos corações partidos e um grande abismo que brota entre eles. Alguns desses corações, mesmo danificados, conseguem seguir adiante, recuperam-se, e são até capazes de doar-se novamente para outro afeto. Outros, entretanto, acorrentam-se voluntariamente a amores falidos e negam-se ferrenhamente a desviar os olhos para outro afeto em potencial.
     Alguns amam tanto um amor extinto (ao menos pela outra parte), que passam a odiá-lo, pelo simples fato de ele não mais existir. E este ódio pode ressoar de diversas maneiras, mas sempre de forma dolorosa. Quando a pessoa não machuca a si próprio, seja fisicamente, emocionalmente ou psicologicamente, fere a outrem. Como vemos todos os dias nas mídias casos de pessoas que mataram ou tentaram assassinar o ex-companheiro, ou, no mínimo, fez o dito refém só para causar-lhe um pouco de terror psicológico. Diga-se de passagem, o mesmo terror ao qual elas se submetem dia e noite ininterruptamente.
     Um déficit muito grande de auto-estima é a principal causa desses distúrbios decorrentes do pós-relacionamento. Quando a pessoa não se ama, ela simplesmente se considera indigna do amor. E se ela encontrou um bendito que corresponde (ou correspondeu) ao seu amor, então, em sua mente, só aquela pessoa é capaz de amá-la e ela se prende a ele com unhas e dentes. 
     Sendo assim, o único remédio possível para todos os corações desolados é preencher-se com amor-próprio e, quando surgir um outro amor-correspondido, que o afeto deste configure apenas como um reforço, um extra, jamais como o substancial.

terça-feira, 19 de abril de 2011

Bocas Secas


Duas bocas conversavam despreocupadamente quando uma perguntou:
- Como eu sei se quem tá me beijando é homem ou mulher?
- Ah, isso é muito fácil! A mulher beija com carinho, massageando seus lábios.
- E o homem?
- Ah, o homem beija com mais vigor, como se quisesse te devorar!
- Minha nossa! E qual o melhor?
- Isso vai do gosto de cada boca.
- E você prefere qual?
- Ah, minha filha, eu prefiro TODOS! O que importa é que eu seja beijada!
- É, na seca que a gente tá, qualquer um serve!
- Pera lá! Com você pode até ser, mas comigo não! Comigo tem que beijar bem!
- Senão você faz o quê?
- Devolvo o beijo.
- Ah, tá!

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Relacionamento Substantivado

Amor Beijo Carinho Diversão
Emoção Frenesi Gargalhada História
Ímpeto Júbilo Luz Movimento
Noite Oportunidade Prazer
Quimera Respeito Saudade
Tesão Unicidade Vigor  Xodó Zelo

sábado, 16 de abril de 2011

Grito Contido


Sinto minha língua coçar
Uma falta de ar
Uma vontade de gritar

Aos quatro ventos
Isto que parece um sentimento
E que enquanto não for de seu conhecimento
Será para mim um tormento.

Eu quero contar
Quero te amar
Me entregar.

Mas se a recíproca não for verdadeira
Serei mais uma vez contrafeita
Obrigada a encontrar uma maneira
De te esquecer.

Eu não quero passar de novo por este tufão
Que sempre bota a baixo meu coração
E me joga na sarjeta de mãos dadas com a solidão.

E o que eu faço até o desfecho?
Tento reencontrar meu eixo
Usando seu amor como pretexto
Ansiando por um beijo.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

"Beijos Grátis"

[Ela pegou a cartolina com um sentimento em letras desenhadas e foi para uma praça movimentada. No papel, os seguintes dizeres: "Beijos Grátis". Atrapalhada como só ela conseguia ser, ergueu a cartolina acima de sua cabeça e esperou.]

Antes que a fila comece a se formar, visto que esse povo adora um "0800", devo alertá-los de uma coisa. Vim até aqui com este cartaz com o intuito de ganhar experiência. Não, eu não sou "bv", mas ainda sou inexperiente. Se fôssemos fazer uma comparação literária, diria que eu sou uma escritora que ainda copia o estilo do seu ídolo por não ter o seu próprio. E nós sabemos que para ter um estilo todo peculiar e único é preciso ler muitas obras, de diferentes autores, com linguagens igualmente diversas. Mas, logicamente, não podemos beijar pessoas diferentes na mesma proporção em que lemos, senão vira um bacanal.

[Pausa. Ela olhou ao redor. Muitas pessoas já haviam dispersado. A inexperiência afugentou muitos.]

Aos que permanecem, quero dizer que não garanto 100% de qualidade, mas tentarei alcançar o índice máximo quanto ao aproveitamento. Como disse anteriormente, sou inexperiente, mas tenho o compromisso íntimo de fazer bem feito tudo que me proponho a fazer, ou pelo menos tento alcançar a excelência.

[Mais pessoas foram embora. Elas tiveram suas esperanças de receber um beijo bom aniquiladas, e não quiseram arriscar um beijo ruim, ainda mais em alguém que nem sequer conheciam! Ficou apenas uma.]

Eu, já um tanto quanto desanimada, pergunto: "Por que você ficou se todos os outros foram embora?". Ao que o rapaz responde: "Porque você é muito corajosa. Eu não teria essa ousadia de expor um cartaz como esse em uma via pública, muito menos a minha alma. E minha mãe sempre me ensinou que devemos experimentar algo antes de dizer que é ruim". Ambos rimos, rimos muito.

[Ela ficou meio sem jeito de beijá-lo depois dessa. Ele não cobrou nada, não com palavras, apenas a abraçou. Um abraço apertado e até certo ponto aconchegante, levando-se em consideração que não tinham nenhuma intimidade.]

De súbito, ele me diz: "Não vou te beijar agora." Olho-o frustrada e ele prossegue: "Não vou beijá-la porque seria um beijo isento de sentimento e você não merece isso. Quero conhecê-la primeiro antes de colar meus lábios nos seus. Entende?" Meneio a cabeça em afirmativa e ele me convida para um café. "Você não vai mais precisar disso" - diz ele, rasgando a cartolina onde escrevi "Beijos Grátis".

[Ambos foram embora dali juntos começar algo sem datas pré-determinadas, nem de meio nem de fim.]

terça-feira, 12 de abril de 2011

Espasmo


Tu és piegas?
Usas aquelas saias armadas que já vi.
Cultivas o romantismo?
Oh, não ligues para o meu cinismo.

Viste aquilo?
O coração jogou-se no precipício.
Queres isto?
Tu que sabes.
Prefiro abster-me de tal suicídio.

Claro que o é!
Pensas que o coração sai ileso
De tal loucura?
A cada salto abre-se uma fissura
E mata-se uma esperança.

Os sonhos são poéticos.
Mas nem sempre caem
Sobre uma nuvem.
Os poetas são caquéticos.

Vês por que me abstenho de amar?
Eu não quero me jogar,
Precipitar,
Para depois (des)amar.

Essa história de morrer de amor
É absurda!
Indubitável loucura!
Pois se morres,
Não tens como amar.

domingo, 10 de abril de 2011

Antes da Escritora...

       Aos doze anos, em mil novecentos e guaraná de rolha, antes de eu me enveredar pelos caminhos da literatura e me tornar escritora, eu era uma criança pura e inocente e com o coração livre totalmente. Com as histórias, que passei a escrever e as que li/vi/ouvi, fui me tornando cada dia mais refém de um movimento que fez a maior algazarra em minha alma; deixou toneladas de panfletos e cartazes espalhados por toda minha matéria etérea, e a lembrança das buzinas ressoando dentro do cubículo em que minha alma se debate: o Romantismo. 
       Deixei-o entrar por gentileza e ele, como uma visita folgada, começou a mexer nas prateleiras de minha mente e a mudar tudo de lugar. Teve a ousadia, inclusive, de (re)moldar meus devaneios e objetivos. Deixou tudo com semblante poético e sublime. 
       No começo tudo eram flores. Eu estava fascinadamente apaixonada por esta visão mais bonita das coisas. Mas a partir de certo momento, percebendo que na vida real do cotidiano não acontecia o que encontrava nos livros (até mesmo aqueles de autoria própria), deprimi-me. 
       O romantismo continua tão forte e intenso quanto antes, e a depressão cada dia toma proporções mais avassaladoras.
       Estou revoltada com tudo isso. Gostaria de arrancar o Romantismo do meu eu mais profundo, mesmo que isso me custasse algumas vísceras, e ser mais autossuficiente desta baboseira toda de amor. Se para isso eu tivesse que me tornar adepta ao Realismo, que fosse. Só não queria ter meu coração dilacerado novamente pela paixão e ter que, mais uma vez, esquecer o objeto de minha afeição.
       [Suspiro] Outro desabafo que termina com incógnitas.


Desculpem-me a revolta poética, mas precisava regurgitar isto tudo.

Via Sedex (Parte II)

Esta é uma resposta a carta do Ódio, escrita pelo ilustríssimo poeta @elvisfilho. Por isso peço, com carinho, que leiam o texto dele antes para poderem entender o meu. O link é: http://poemasavulsos.blogspot.com/2011/04/via-sedex.html (Abram em uma nova janela, ok? ;-) ) Origada. Abraços!




         Corações felizes, 10 de Abril de 2011

         Caríssimo Ódio,

         Primeiramente, quero dizer que respeito seus pontos de vista. Eu não sou tão exigente quanto a palavras bonitas como pareço, mas faço questão de sentimentos sinceros. Afinal, do que adiantaria você discorrer um brilhante e multicolorido “eu te amo” se sempre que eu te ligasse você pensasse: “Af, por que esse Amor tem que ficar me ligando?”. Eu prefiro ser esquartejado e ter meus pedaços jogados ao relento do que ser submetido a um apreço de fachada. Er... Desculpe-me o arroubo poético.
         Segundo dizem, uma linha tênue separa-nos. Uma linha quase invisível, fina e transparente como o fio de náilon. Uma barreira quase intransponível como a Muralha da China. Eu posso ver, do meu lado, as atrocidades que você faz com os corações que já não se amam mais, levando-os a cometer insanidades, assim como eu faço com eles quando estão apaixonados. E eles se deixam levar por você tanto quanto por mim.
         Sabe o que eu penso acerca de nossa semelhança? Penso que somos irmãos gêmeos, que desde o nascimento usavam o mesmo corte de cabelo e roupas idênticas. Todavia, um dia, na rebeldia da adolescência, você cansou disso e decidiu ser o meu oposto (não tão divergente ao que parece). E hoje estamos aqui, milenares e caquéticos, trocando pensamentos por carta, quando apenas um fio de náilon nos separa. Inclusive, estou observando seus movimentos enquanto escrevo estas linhas.
         Gostaria que você fosse um pouco menos frio e fechado para que pudéssemos conviver harmoniosamente, sem ser preciso um se ausentar da grande festa que é a vida quando o outro estivesse presente. Convivendo juntos e dialogando pacificamente, creio que eu poderia ajudá-lo a ser mais compreensivo e tolerante, enquanto você me ensinaria a ser mais independente e sério. Com sua ajuda, certamente, aprenderia a dizer “não” a algo que me machucasse, ao invés de ficar esperando as coisas pararem de ferir.
         Depois de expor meus devaneios românticos acerca de nós, eu encerro esta carta. Você provavelmente já deve estar farto de minha melação e a ponto de rasgar este inocente pedaço de papel.

Com as mais sinceras estimas
Amor

sexta-feira, 8 de abril de 2011

O Outro Lado do Cativar


     Você veio me dizer que eu te cativei. Como? Nunca trocamos uma vírgula ou algumas reticências que fossem. Meus olhos nunca procuraram os teus nem meu sorriso se abriu pra ti. Como então posso tê-la cativado?
     Será que no outono quando as folhas secas caem, se alguém se apaixonar por uma delas, a árvore será automaticamente sentenciada culpada? Logicamente que não. A queda das folhas é um processo natural e acontece independente de qualquer transeunte que por ventura possa passar sob sua sombra. Ou você acha que a folha se desprendeu do galho só por que viu você? É muita petulância de sua parte pensar assim.
     Quando você me viu a primeira vez eu fazia o quê? Conversava com meus amigos? Lia um livro? Ou estava no ponto de ônibus? Você acha que o fato de estarmos respirando o mesmo ar já é motivo suficiente para se afeiçoar a mim? Ou seu coração está muito desocupado ou nem sei o quê.
      Eu não sou responsável se você pensa que eu te cativei. Eu não fiz nada, nem me dirigi à sua pessoa. Você que criou mil e uma ilusões a meu respeito e se deixou cativar por elas. Agora fica aí exigindo de mim uma correspondência.
      Sabe, acho melhor você destruir essa imagem que criou ao meu respeito. Eu não tenho pretensão nenhuma de corresponder ao seu afeto, por mais bonito e nobre que ele seja. E seja feliz com alguém que realmente se esforce para cativá-la.


Texto sugerido pelo ilustre @lucasmarreiros.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Acordo Pré-Namoro


         O cérebro e o coração decidiram de comum acordo principiar um namoro. O coração suspirava por uma aventura romântica. Já o cérebro propôs, em sua racionalidade, um acordo pré-namoro. O coração retrucou de imediato, disse que o amor é livre e totalmente independente de leis. Entretanto, o cérebro, com seus argumentos coerentes e persuasivos, impôs sua vontade. Contrataram então um advogado para redigir o contrato e eis suas cláusulas:
1.      O cérebro responsabilizar-se-á pelas questões racionais do relacionamento, a exemplo de aplicações financeiras, consertos em geral e toda sorte de questões lógicas. O coração, em virtude de seu romantismo, responsabilizar-se-á pelas questões emocionais, como carinhos de toda espécie, reconciliações e questões que exijam um alto poder de amabilidade e compreensão.
2.      É terminantemente proibido a qualquer um dos dois abdicar de suas funções para tentar agir como o outro.
3.      Caso algum dos dois venha a infringir a cláusula de número dois deste contrato, o mesmo será automaticamente cancelado e o relacionamento rompido.
         De posse deste acordo registrado em cartório, o namoro foi iniciado. O coração ficou temeroso, pois não sabia se conseguiria abster-se de querer ajudar, principalmente com conselhos. O cérebro, entretanto, estava confiante, pois tinha certeza que conseguiria se manter racional na relação e jamais se derreteria.
         Nunca mais os dois deram notícias, mas creio que ainda estejam juntos. Caso contrário, o cérebro já teria procurado um advogado para fazer um acordo pós-namoro.

sábado, 2 de abril de 2011

Autosuficiência


Adeus. Não preciso mais de você. Agora vou ser feliz. Não sei como (ainda), mas serei. Cansei de você me prometendo futuros jubilosos e só me causar sofrimento. Sim, eu tenho minha parcela de culpa. Mas, se fico ansiosa e me precipito, é porque você me promete muitas flores; e eu mergulho fundo, esquecendo totalmente dos espinhos.
Comprei um frasquinho de autossuficiência e vou tomar todo de uma vez. Talvez eu tenha uma overdose e talvez até morra por minha inconsequência. Contudo, quero esquecer que você existe.
O amor é uma ilusão de velhos poetas que deixaram seus afetos partirem com outros. Cansei dessa ilusão. Quero ser autossuficiente e nutrir-me de outras coisas. Tirarei o amor de minha dieta. Falarei para o porteiro de minha alma que você, amor,está permanentemente proibido de entrar. Vá procurar outros velhos poetas para maltratar, de preferência aqueles que já estejam à beira da morte para que possa acabar de matá-los.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Rebanho de Palavras

       A felicidade mandou-me um e-mail desesperado no qual dizia precisar falar comigo urgentemente. Fiquei preocupada, logicamente. O que ela poderia ter de tão importante para me dizer? Bem, marcamos um encontro casual numa pracinha bastante agradável e arejada e sentamo-nos num banquinho à sombra de um pé de jambo.
       - Eu preciso lhe dizer algo muito importante! - soltou, afoita. Seu semblante demonstrava nitidamente que estava contendo um rebanho de palavras num minúsculo curral.
         Temendo o estouro da boiada, eu disse:
       - Só um minuto. Deixe-me primeiro pôr colírio nos olhos, abrir meu entendimento... Pronto! Pode falar. Sou toda ouvidos!