segunda-feira, 30 de maio de 2011

A Face Capitalista do Doze de Junho

Faz muito o dia dos namorados tornou-se uma data comercial (mais uma!). Ao pensar na dita, lembramos logo de bichinhos de pelúcia, flores (lê-se rosas vermelhas) e chocolates graciosamente embrulhados em caixas com formato de coração.
Se você está comprometido(a), os publicitários despejam uma avalanche de comerciais (de preferência com o fundo vermelho ou rosa, fotos de casais felizes e muitos coraçõezinhos) em cima de você, todos (ou quase todos) usando de chantagem emocional: "Se você ama sua namorada, dê (o produto deles)...", "Não perca esta chance de provar o seu amor...". Bom, se você não conseguiu "provar" seu amor com suas atitudes e gestos cotidianos, não vai ser um vidro de perfume ou um chocolate que vão conseguir tal feito para você.
Em contrapartida, se você está solteiro(a) (ou mesmo encalhado(a)), não serve para os propósitos do comércio. Por um lado é bom, porque você não se sente pressionado a comprar nada e economiza seu dinheiro. Mas por outro, se você não for bem resolvido(a) com sua solteirice, toda essa chuva de casais e coraçõezinhos na tevê, no outdoor, na internet, no rádio e, principalmente nas ruas (parece que todo mundo, até os desprovidos de beleza e outras coisas mais, arrumam uma mão pra segurar nessa época do ano), vai fazer com que você fique ainda mais frustrado e quiçá deprimido por não ter ninguém. E quem paga a conta do psicólogo se isso acontecer? Os publicitários é que não.
As pessoas querem convencer (os tolos que queiram acreditar) que dia dos namorados é sinônimo de namorar, mas deixou de ser há muito tempo. Pode ser que os românticos resistentes ainda priorizem o afeto, mas este mundo capitalista diz que, se não houver um presente material para guardar de lembrança, não é a mesma coisa.
Minhas lembranças, as mais importantes pelo menos, eu  guardo em textos e poemas, porque, ao contrário de caixas de chocolate vazias e flores murchas, eles duram para sempre.
Vale salientar, todavia, que é muito bom receber presentes de quem a gente ama, seja dia dos namorados ou não. Mas esta data não deveria se resumir a isso. O amor que deveria ser o protagonista - não só deste dia em específico -, mas de todo o período de duração do relacionamento.

sábado, 28 de maio de 2011

Folhas do Calendário

Ela não tem nada.
Nem um telefonema
Nem um abraço
Nem um beijo
Nem um amasso
Muito menos um bem querer.

Ela tem uma lágrima contida
Uma descrença desmedida
Uma raiva ressequida.

As folhas do calendário passam.
O dia dos namorados se aproxima.
E ela não tem ninguém.

Então a lágrima escorre.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Amor Realista

Um romântico dificilmente deixa de ser romântico com o escoar do tempo. Todavia, a experiência (não confunda com idade) atenua seus delírios utópicos. Afinal, o romântico nada é além de um sonhador que almeja um relacionamento o mais perfeito possível. E a experiência mostra como as coisas acontecem nesta dura realidade. 
Você dificilmente vai ouvir um "eu te amo" num passeio de barco numa manhã ensolarada, mas provavelmente quando seu corpo estiver cansado à noite e seus olhos insistindo em se fecharem. É claro que nós, românticos, relutamos contra esta ideia. Queremos algo especial (lê-se mágico).
Não obstante todo o seu romantismo, você se apaixona por um realista. Aquele que quer dizer que te ama quando você está querendo dormir, que mela seu nariz de sorvete quando você teve todo aquele trabalho para se maquiar, que te coloca de cabeça pra baixo nos ombros dele, que te joga no lago mesmo você declarando aos quatro ventos que fez chapinha e implorando pra ele não fazer isso, que morde seu nariz, de levinho, mas morde, que não atende todas as suas ligações e passa dias sem dar notícias, que ri quando seu salto quebra ou você tropeça. Ele não é o homem que você almejou: cavalheiresco e amável todo o tempo. Mas você gosta de estar ao lado dele e sente profundamente sua ausência.
Você tenta ser realista para entender o mundo dele. Só que seu romantismo é muito forte e você sucumbe. Talvez a máxima "os opostos se atraem" esteja certa. Você só tem certeza que ele tem o que lhe falta e vice-versa. Talvez enfim você tenha encontrado a sua outra metade. Quem sabe. Eu, como uma boa romântica, desejo que sim. Boa sorte.

domingo, 22 de maio de 2011

Carta Para Minha Criança Interior

Eu sei que não começamos bem. Na verdade, naquela época, eu nem sabia como deveríamos começar. Então vamos voltar ao ponto de partida? Lá vai!
Oi. Tudo bem? Meu nome é Sara. Você quer ser minha amiga? Eu gosto de escrever textos sobre o amor e a amizade, e às vezes sobre sentimentos tristes também, gosto de brigadeiro de colher, gosto de desenhar, gosto de assistir desenho animado, ficar na internet e escutar música. Também gosto de sentir a força das árvores quando estou triste e de escutar o barulho do mar, mas nunca mais fiz isso. Bom, tenho vergonha de dizer isso, mas também gosto de pensar em voz alta, cantar enquanto caminho na rua e abraçar meu ursinho. Ah, você gosta dessas coisas também? Que bom! Do quê eu não gosto? Bom, não gosto de ser acordada, nem de gente me dando ordens: "Faça isso! Faça desse jeito!". Também não gosto quando falam comigo com aquele ar superior, nem quando mexem nas minhas coisas sem minha permissão, nem quando tentam entrar no meu universo à força. Não entendeu? Pessoas assim são aquelas que querem saber seus segredos e pensamentos à todo custo e para isso elas ficam te importunando com perguntas cujas respostas você não quer compartilhar com elas. Eu não gosto de brigas, nem de magoar as pessoas, e por isso eu sofro, pois não consigo colocar certas pessoas em seu devido lugar. É, eu não sei me defender. Você também é assim? E por isso não rebateu minhas críticas e ordens? Desculpe-me. Eu não aprendi  a lidar com crianças. Você ficou com medo de mim? Eu entendo. Eu deveria ter sido mais paciente e tolerante com você. Deveria ter te incentivado e te segurado quando você caísse. Eu quero mudar, acredite. Quero amá-la e cuidar de você. Venha, segure minha mão e vamos caminhar juntas. Como grandes e melhores amigas.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Dilema


Eu amo fulano,
Mas não sei se ele me ama.
Beltrano me chamou para sair.
Eu fui.
Ele gostou do meu beijo.
Encontramo-nos de novo.
Ele sugeriu um namoro.
E agora?
Eu amo o outro. Não ele.
Estarei traindo meus sentimentos
Se aceitar a proposta?
Estarei sendo besta
Se ficar esperando pelo talvez de fulano?
Eu quero exterminar a solidão.
Mas não quero matar este sentimento.
Por que não posso amar beltrano
Já que ele me ama também?
Ai, coração! Decide logo!
Caso contrário,
Beltrano e eu cansaremos de esperar!

domingo, 15 de maio de 2011

Bandeira Branca

Estes dias estive bastante irritada. Uma raiva que, embora tenha explodido repentina e bruscamente, não surgiu do nada. Foram mil coisinhas, trocentas frustrações que se assomaram com o passar dos dias e culminaram nesta irritabilidade.
A maior parcela de culpa é minha. Eu reconheço. Afinal, a ansiedade e o pessimismo hospedaram-se em meu coração e cérebro, respectivamente. Não que isso sirva como justificativa, mas a demora e as frustrações tornaram-me impaciente e cética.
Ora, desde os primórdios sabemos que, para haver amor, é necessário ( lê-se imprescindível ) dois corações. Entretanto, o amor sempre vem até mim unilateral.  E onde está Afrodite, que permite que Eros (cupido) brinque com meu coração desta maneira?
Também me revoltei com os homens, pelo menos com aqueles que atravessam o meu caminho. Dos que conheço, ou venho a conhecer, 99,99999% não me servem, ou porque são muito folgados ou muito apertados para mim. E o restante, os de qualidade, também não me servem, ou porque são homoafetivos, ou porque não despertam meu interesse por motivos outros, ou porque eu não desperto os deles.
E a vida? Também estou frustrada com ela. Além de não me cativar o bastante para que eu aproveite mais a sua companhia, ainda fica me enrolando, guardando minha alma "gema" em algum buraco de localização desconhecida.
Entretanto, contudo, todavia, não obstante, eu me vejo obrigada a reconhecer que toda esta revolta não me leva a parte alguma. Trocando em miúdos: ficar irritadiça não vai fazer as coisas acontecerem mais depressa.
Porquanto, ergo a bandeira branca e peço paz. Não apenas isso. Suplico também a paciência, a coragem, a perseverança e a fé.

Jason Mraz - Life is wonderful (with lyrics)



Esta música é incrível e dá-nos uma boa oportunidade para refletir.
Um bom domingo e uma semana excelente pra todos!!
Kissus!

quinta-feira, 12 de maio de 2011

Pura Implicância


         Onde está o meu sorriso? Sei que guardei em algum lugar. Mas onde? Não, eu não o perdi. Mas guardei tão bem guardado que esqueci onde pus. Minha boca está no lugar certo: entre o nariz e o queixo. Mas onde está o meu sorriso? Não é um sorriso qualquer. É aquele sorriso! Aquele bonito, verdadeiro, que convida as pessoas a se aproximarem. Onde o deixei? Os sorrisos que venho esboçando são meio amarelados, sem graça, quadrados, me parecem muito falsos, mesmo quando meus olhos confirmam que estou feliz. Por que? Por que o sorriso dos olhos é bonito e o da boca não? Eu não entendo. Meus dentes são saudáveis, cada um no seu lugar devido. Então por que o sorriso é feio? Por que ele e eu implicamos tanto? Em que ponto da vida nos desentendemos? Às vezes meus olhos brilham de tanta felicidade, mas a boca parece que desaprendeu a sorrir um sorriso bonito. E isso não tem nada a ver com qualquer dor física e emocional. Sempre, sempre e sempre o sorriso me parece falso e feio. Acho que já disse isso. Acho que desaprendi mesmo a sorrir com a boca. Alguém sabe onde posso comprar uma boca que saiba sorrir?

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Carrasco


Sou seu pior algoz. O mais cruel, mais atroz, o único onipresente. Trinta e seis horas por dia domino seus pensamentos. Escolho a dedo aqueles que mais te machucam, que mais a deixam ansiosa e exaurida. Sou mais forte que você, e você é tão burra que cada vez me dá mais força, alimentando a mim e aos pensamentos que lhe sugiro. Sua consciência sabe que precisa me dominar, mas você não tem forças para isso. Além do mais, sou como uma criança: quanto mais você tenta controlar, mais eu me rebelo. Você não gosta de mim. Se gostasse, não gritaria comigo nem me criticaria o tempo todo. Só fica aí me dando ordens, dizendo o que eu tenho que fazer e que tipo de atitude e reação devo ter diante de cada situação ou pessoa. Eu odeio ordens! E odeio muito mais críticas!! Você quer que eu seja perfeita, mas eu não posso ser. Ninguém é perfeito. Por que só eu tenho que ser? Você é muito intransigente, muito rígida. Tudo tem que ser do jeito que tem que ser. Que é isso? Por que você não pára um pouco pra se divertir, curtir a vida? Você era tão mais legal quando tinha a minha idade! Era mais feliz! Vai negar? Claro que não. Sabe que é verdade. Mas você cresceu e se tornou um porre! E ainda por cima fica me criticando, me pondo pra baixo pra ver se eu perco a alegria de viver e a espontaneidade. Mas é justamente por isso que me revolto e bato de frente com você: pra ver se consigo tirar essa venda do seu rosto e faço você voltar a ser a menina alegre e espontânea de antes. Você diz que quer ser uma mulher segura, forte, bem-sucedida. Mas do que adianta sê-lo se vive triste e sozinha? Sabia que a alegria e a brincadeira atrai bem mais que a perfeição? Você estipulou regras pra ser feliz: "Eu só vou ser feliz quando for assim e assado porque vou ter isso e aquilo!". Resultado: você não tem nada. Você nem consegue o que quer e nem é feliz. Essa é a vida que você sonhou? Lógico que não! E nem é a vida que lhe desejo. Eu quero que você seja feliz e que seja espontânea, que curta cada momento, mas pra isso você tem que abrir mão dessa rigidez e de todas essas regras de comportamento. Esqueça essa história de ser certinha, ou melhor, esqueça essa obrigação de ser perfeita todos os segundos de sua vida. Veja a vida como uma brincadeira, e não como um trabalho. Veja a vida com meus olhos, isso resume tudo.

Com carinho
Sua criança interior

terça-feira, 10 de maio de 2011

Deveria...

Eu deveria ser...
Vaidosa / sedutora / sensual
Extrovertida
Segura
Forte
Difícil (só um pouco).

Eu deveria saber...
Paquerar
Dizer não
Andar de salto alto
Tomar a iniciativa (sem ser vulgar).

Eu deveria ter...
Mais humor
Mais coragem
Mais desinibição
Mais otimismo.

Eu deveria...
Sonhar menos
Agir mais
Ser menos rígida
Brincar mais
Fazer mais amizades
Ir à festas
Jogar charme.

[Raiva. Virando a mesa.]

Eu não deveria NADA!
Eu deveria apenas ser eu mesma
Sem me preocupar em agradar ninguém.

sábado, 7 de maio de 2011

O que Mainha me Ensinou

Texto em homenagem às mães. Olhe, nos dias de hoje as mulheres precisam - mais do que nunca - ter muito peito, paciência e estabilidade emocional para entrar nesta empreitada chamada maternidade. Minha mais profunda admiração a todas vocês!

Mainha ensinou-me:
A dizer "por favor", "com licença" e "obrigada";
A não mexer nas coisas na casa de estranhos;
A só falar quando alguém se dirigisse a mim;
A gostar de ler.
Ela também me disse:
Que era feio colocar muita comida no prato;
Que eu não devia ficar até tarde na internet;
Que eu não podia comer os meninos com os olhos;
Que era pra eu fazer amizade com as meninas.
Mainha mostrou-me:
Como é lindo o mar (eu ficava na água até os dedos ficarem engelhados);
As artes;
A internet (é, foi ela que me ensinou os primeiros passos)!
Entretanto, ela não me ensinou:
A ser vaidosa;
A dizer não;
A lidar com os homens;
A ser autossuficiente.
Mas o mais importante aprendi:
Bons princípios;
Tratar bem as pessoas;
Ser humilde;
Ser amiga;
Ser educada;
Ser compreensiva;
Ser amorosa;
Ser calma e não gostar de brigas;
Ser solidária.
Obrigada! Sou o que sou hoje graças à você. 
E se aprendi coisas através de outras fontes 
foi porque a senhora me ensinou a procurar sempre crescer e evoluir.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Dentro do Potinho

Se eu pudesse guardar seu abraço
Dentro de um potinho, eu o faria.
Depois guardaria o potinho
Num baú fechado à sete chaves.
Por fim, esconderia o baú
Em um lugar ao qual só eu tivesse acesso.
Assim eu poderia senti-lo
Sempre que quisesse carinho.
E poderia aconchegar-me nele
Sempre que necessitasse proteção.
Seu abraço assemelha-se a um tesouro
E seria um sonho
Poder tê-lo sempre a disposição.
Por isso, obrigada por ter um abraço tão gostoso
E por permitir que eu o conhecesse!
Agora quero encerrar este texto com um pedido:
Me dá um abraço?

terça-feira, 3 de maio de 2011

As Mulheres e Suas Regras


         “Valorize-se!”, “Banque a difícil”, a menina que nunca ouviu estas frases que atire a primeira pedra. É a mãe, a tia, a irmã mais velha, a amiga, todas dizem a mesma coisa quando você se mostra ansiosa e impulsiva no período da paquera. Se conhecer alguém – independente da circunstância em que aconteça –, “Não peça o telefone dele, deixe-o pedir o seu”. Se ele ligar, “Não atenda no primeiro toque, espere tocar alguns segundos”. Gente, quantas regras! Isso dá um nó no meu juízo! E não pára por aí. “Não se derreta ao telefone, senão ele vai pensar que você está “de quatro” por ele!” – é o conselho que as mulheres “experientes” dão. Mas se eu sou doce e meiga – pessoalmente ou por telefone – isso é considerado “derretimento”. Vou ter que deixar de ser eu então? Chega o primeiro encontro e as regras só aumentam: “Preste atenção no seu corpo para não dar muita bandeira”, “Relaxe e curta o momento, mas nunca demonstre que ele lhe tem na palma da mão”, “Imponha limites e controle sua mão boba, mesmo que esteja afim de transar com ele”, “Você tem que lhe dar o prazer da conquista, então seja difícil, homens gostam de desafios”. Como a gente pode conseguir lembrar-se de todas essas regras? É muita coisa pra uma cabeça só! E ainda não acabou. O namoro começa (para quem conseguiu seguir todas as regras) e, para finalizar o período da paquera, mais algumas: “Se ele te convidar para conhecer o seu apê, não aceite de imediato, enrole-o um pouquinho, mostre que é uma moça decente”, “Mantenha uma vida própria, jamais esteja disponível para ele todo o tempo”, “Seja atenciosa, mas não grudenta”, “Passe alguns dias sem lhe mandar nada (e-mail, torpedo, recado, mensagens “off”) para que ele sinta saudades suas”, “Faça programas sem ele, sozinha ou com amigos (as), para ele ver que não é o centro do seu universo”, “Discorde dele, defenda seus pontos de vista, afinal você não é uma lagartixa que balança a cabeça pra tudo!”, “Defenda seu homem, mas sem se rebaixar”, “Não seja insegura, acredite em si, cuide-se, ame-se, isso diminuíram suas chances de ser traída”, “Não diga que o ama logo de cara e nem muitas vezes, caso contrário ele pulará fora”, “Seja, enfim, uma boa namorada”. Ufa! Como é difícil ser mulher! Ainda mais uma mulher que se valoriza!

domingo, 1 de maio de 2011

Minhas Escolhas Não São Suas


         Livre-arbitrio. Você já ouviu essa expressão? Ela trata única e exclusivamente da vontade própria de cada um, de sua livre escolha. Você sabe (ou deveria saber) o que lhe é melhor, conhece seus gostos, opiniões e preferências. Eu também sei o que me é benéfico e agradável. Mas nem sempre concordamos ou combinamos.
         Não obstante ao mandamento “respeitar o próximo” que, antes de ser cristão, é dever moral e preceito básico de uma boa educação, sendo, portanto, regra número um da boa convivência, algumas pessoas insistem em perturbar a paz alheia. Certas perturbações são sutis, mas outras são verdadeiros tufões.
         Quem nunca, em uma viagem de ônibus ou mesmo no conforto da sua casa ou na rua, deparou-se com aqueles seres incultos e mal-criados (que me desculpem as pobres mães dessas criaturas) que ligam seus celulares ou rádios e colocam aquelas músicas (se é que podemos chamar aquilo de música) que desagradam a maior parte dos gregos e troianos (os que possuam um diminuto bom gosto musical que seja) e eles lá, felizes da vida, sentindo-se, muitas vezes, num karaokê, enquanto burburinhos de desagrado se espalham.
         Uma das melhores invenções em termos de eletroeletrônicos dos últimos séculos, e bem úteis nos dias atuais (com a qualidade duvidosa de algumas músicas que andam por aí) são os famosos fones de ouvido. Eu respeito seu gosto musical, mas isso não significa que sou obrigada a partilhá-lo dele com você. Então eu peço, encarecidamente, que coloque só pra você.
         Outra coisa que é bem inconveniente e muito chata, diga-se de passagem, são aquelas músicas, vídeos e recados barulhentos, que rodam pelas redes sociais e também por outros sites, que começam assim que você abre a página, antes mesmo de você tomar conhecimento da existência deles. Poxa, e se eu não estiver afim de ouvir ou ver aquilo? Quer compartilhar alguma coisa com som, tudo bem, está no seu direito. Porém, respeite o próximo, permitindo que ele clique em “play”, se assim o desejar, para  só então o som começar a soar em seu aparelho auditivo e seus globos oculares captarem as imagens.
         Tenha consciência de que respeitar é dar a outrem o direito de escolher o que quer ver, ouvir, fazer ou ser, mas submetê-lo a uma situação que lhe desagrada já é abusar de sua paciência e polidez.