Estou cada vez
mais convencida de que os onze anos passados no colégio têm sido de pouquíssima
serventia para a minha vida acadêmica. Não demorei muito a perceber isto.
Bastou assistir a primeira aula, às sete horas da manhã.
Logo de
imediato, tão logo pus o pé numa universidade federal, descobri que nunca soube
ler, apenas decodificava palavras. Também descobri que minhas paráfrases são
medíocres e minhas interpretações... Deixa quieto. As análises... Meu santinho!
Nunca fui cartesiana, metódica. Sou, inversamente, muito intuitiva e passional.
A propósito, só sei o que os meus textos querem dizer, porque são criações
próprias. Posto isto, se difícil me é saber o que se passa em minha mente durante
a elaboração de um texto, imagine só deduzir as divagações de um gênio como
Shakespeare. Sem contar que fomos lançados nos braços de Platão, Aristóteles e
Homero nas primeiras cadeiras do curso. Oh, presente de grego! Quanto a
Saussure e Chomsky, prefiro me abster de fazer quaisquer comentários para não
incorrer em pré-conceito linguístico. Vale salientar, todavia, que ainda não
fomos jogados aos corvos da sintaxe, embora já tenhamos vislumbrado o vulto de
E. A. Poe.
Às vezes me
questiono se reaprenderei a ler de modo razoavelmente satisfatório um dia (de
preferência antes de chegar ao TCC) a fim de desenvolver uma visão crítica e
conseguir análises textuais decentes (ou prostitutas) ou se esta crônica está
fadada a ser uma morte enunciada, visto que as notas do primeiro período ainda
não foram lançadas no sistema.
Fico, ainda, com
a dúvida: para quê serviram-me os onze anos de escola?