segunda-feira, 28 de março de 2011

Apenas Beije-Me




Se um dia tu me beijares por ímpeto
Humildemente eu te peço
Não me venhas  dizer que foi um erro.
O beijo é uma exteriorização de amor.

Porquanto, nunca é um erro beijar-se
A quem se ama.
Erro seria não beijar
Des-beijar, pedir o beijo de volta.

No momento que tu beijas por impulso
É porque o desejo já te consumia há muito.
Detiveste a vontade o mais que pudeste.
Todavia, chega uma hora que ela se rebela.

Beije-me com espontaneidade e amor.
Não se culpe se o beijo sair desengonçado.
Não lamente se não for sob as estrelas.
Apenas beije-me.

domingo, 27 de março de 2011

Alma Desnuda

         Eu sei bem o que é isso. E tanto sei que tenho medo que seja realmente o que eu estou pensando. É uma coisa boa, mas não é tão boa assim. Pelo menos para os poetas de alma e mente como eu.
         [Sorriso forçado] O bom não deveria apresentar nuances de cinza, né? Deveria ser totalmente azul e brilhante. Um lindo azul-turquesa. Amo-o! Aquele tom meio esverdeado dá uma beleza singular à cor.
         [Suspiro] “Por que queremos uma coisa e tememos seu êxito?” é a pergunta que me faço incansavelmente. E a resposta que me veio neste momento foi: a felicidade é mais assustadora que a morte, mas a queremos com a mesma intensidade que desejamos evitar o desenlace.
         Eu não gosto de pensar que estou repelindo isso por ter um medo absurdo e despropositado de ter júbilo. Meus pensamentos medrosos e pessimistas não podem estar impedindo que meu sonho surja no horizonte. Mas se estiverem, e é bem provável que estejam, eu me sentiria ridícula por estar me auto-sabotando.
         Como uma poetisa pode ter medo de amar, ou melhor, de ser feliz no amor? Por que assumi a crença de que "todo poeta só é grande se sofrer"? Será que o devaneio torto de algum romântico mal-amado merece ser convertido em lei?
         Ai, eu me dobro e desdobro em perguntas das quais temo respostas felizes, O que farei com toda tristeza existente em mim? Ela foi minha companheira durante tantos anos. Não sei como mandar: "Pegue suas coisas e vá embora". E se a felicidade não for todo este júbilo que promete? Como vou lidar com seus entremeios de desventura?
         Alguém tire este medo do meu coração! Por favor... [Lágrimas].


Nota de Falecimento

         O romance morreu. É triste, mas é a dura e cruel realidade. Soube hoje de uma boca qualquer que não teve pena de mim e do meu flagelado coração.
         Eu não sei onde, nem quando, nem de quê. A data perdeu-se por entre os dias nublados de minha busca. Busca por sonhos que, se antes se mostravam enevoados, agora estão escuros e intangíveis.
         Sinto-me órfã. Um sentimento abstrato e indefinível assola-me. Instalou-se um vazio em mim. Como pode? Não cheguei a tempo de conhecê-lo pessoalmente e ele se vai assim: sem me deixar uma carta que seja? Não fazia nem questão que fosse manuscrita com letras artísticas, podia ser digitada com uma simples Times New Roman. Podia ser até um bilhete com meia dúzia de palavras. Eu não me importaria.
         Queria entender. Por que, por que antes de sua morte ele não designou alguém para mim? Não conhecia ninguém que coubesse em minha vida? Sou eu tão pequenina que não comporto ninguém além de mim?
         Estou desolada. Minha vida até agora se resumia a uma eterna busca pelo romance. E agora que ele morreu qual será meu motivo para viver? Acho que terei de me contentar com os registros deixados por aqueles que tiveram intimidade com ele. Os sortudos que puderam vivê-lo com tal intensidade que o moldaram em livros, filmes e músicas.
         Mas não consigo me conformar. Ele não podia ter morrido antes de eu experimentá-lo! Isso não é justo! Não é mesmo.
         Que raiva! Juro que se o romance já não estivesse morto, eu mesma o mataria!

sábado, 26 de março de 2011

Pensamentos Desembestados


         Se quero me apaixonar? É, acho que quero. Não tenho certeza. Você quer? Mas dessa vez o tiro tem que ser certeiro. Concorda? Lógico! Chega de me arriscar sozinha. É, meu bem, coloque seu pezinho na lama primeiro. Só depois eu colocarei o meu. Estou sendo egoísta? Talvez. Ah, não fique com essa cara. Você não é nenhum santo. Certamente faria o mesmo se tivesse quebrado a cara tantas vezes quanto eu.
         Desta vez quero fazer o que todas as mulheres fazem (ou pelo menos deveriam fazer): investigar o candidato. [Suspiro] Não levo o menor jeito pra isso. Você já sabia? É, quem não sabe? Até as pedras sabem! E meu coração tem alma de maratonista. Mas desta vez vou prendê-lo no pé da mesa pra que não se apresse. Contudo, esta mesa é tão fraquinha. Acha que ela vai resistir ao impulso de um coração desenfreado? Também acho que não, mas podemos rezar.
         A grande questão (o Everest de minha vida) é que sonho com o príncipe (des)encantado. Sonho todos os dias, horas, minutos e segundos, e isso vai me consumindo de maneira tal que a realidade medíocre parece ser insuficiente pra mim. Pra você também? E o que fazemos a respeito? Duas pessoas que não tem sorte no amor podem dar certo juntas? Só se fosse efeito da magia de alguma fada madrinha. E se eu assumisse o papel de bruxinha e fizesse uma poção definitiva e sem antídoto? Você se arriscaria a tomar? Não me olhe assim. Eu também estou com medo.
         Sabe... Não, claro que não sabe. Meu medo maior é que dê certo. Nunca deu. Se der agora, o que eu vou fazer? Não sei conviver com a felicidade. Ela é tão... feliz. É estranho.
         E nesta louca corrida desembestada eu sigo com estes pensamentos frenéticos e assoladores, nada mais nada menos que esperando as respostas do tempo.

Abraço de Conchinha

O céu está azul cobalto.
E muitas almas fervilham lá fora.
Não apenas as etéreas,
Mas também as de carne e osso e as de aço.

A vida corre em seu frenesi diário
E esperado para o horário.
O dia vai anoitecendo
E em seus braços eu vou esmaecendo.

Um vento frio incita-nos a uma aproximação.
Olho-o nos olhos e já me faço compreender.
Você toca a ponta do meu nariz e se põe a me envolver.
Sinto-me uma pérola no seu abraço de conchinha,
Tão perto do seu coração.

Ah, já disse que este é o meu abraço preferido?
Um milhão de vezes?
É pouco.

Este abraço é mágico! Eu não sei explicar.
Ele tem uma dose maior de carinho e proteção.
Um aconchego que nenhum outro pode proporcionar.
E eu adoro e venero aquele que é capaz de dá-lo.
Essa é uma das condições principais para me cativar.

Agora, neste momento, a pérola está solta numa caixinha.
Tem disponível algum abraço de conchinha?
Se não tiver, tudo bem.
Eu espero outro alguém.

crédito da imagem: desenho feito por mim com BIC

quinta-feira, 24 de março de 2011

Transição Relutante


Ela era uma menina e seus sonhos eram doces e possíveis, mesmo que a realidade não quisesse admitir isso. Gostava de ser menina, pois a vida parecia ser bem mais bela e promissora pela ótica de uma alma infante. Seus olhos brilhavam mais diante de uma nuvem fofinha ou mesmo estratificada, ou de uma casca de árvore com todas as suas reentrâncias. O mundo era simplesmente incrível e perfeito!
O mundo - pela ótica dos adultos - ao contrário, é bastante cruel. Palavras doces com toques frequentes de crítica, olhares de reprovação e narizes tortos impeliam a menina a crescer.
Ela até queria ser uma mulher forte e bem-sucedida, mas tinha medo. Temia que a maturidade atropelasse seus sonhos e os levasse a óbito. E seus sonhos era tudo que ela tinha. Eles eram a roda que movia seu coração e fazia andar suas pernas. Como ela poderia percorrer os anos que ainda lhe restavam sem suas pernas?
Não obstante todas as infelicidades prometidas pela maturidade, ela queria crescer. E até conhecia uma mulher que conservava a alma de menina. E ela queria ser como esta. Contudo, tinha medo de não conseguir e se tornar uma mulher fria que só pensa em trabalhar pra pagar as contas e perder totalmente a capacidade de sonhar e sorrir.
Confusa e sem rumo, esta menina está aqui na minha frente sem saber que estrada tomar: viver um sonho ou sonhar em viver?
Eu não sei o que dizer a ela, mas sei que em breve descobriremos como desnudar este questionamento para encontrarmos a resposta.

terça-feira, 22 de março de 2011

Pó de Giz

Eu quero você,
Mas não posso te querer.
E agora, o que há pra se fazer?
Como posso o amor desdizer?

Na paixão eu te fiz
E você também me quis.
Mas tudo acabou num triz
Como pó de giz.

Ainda sinto arder o nariz
E minhas mãos estão sujas de giz.
Mas faltou água na caixa
E não tem mais na lata.

Como posso limpar-me de você?
Como querer não mais te ter?
Não quero te ofender,
Mas no passado quero te prender.

Cegos e Surdos


         Digo a mim mesma diariamente para abrir a porta apenas para coisas positivas, para aceitar apenas aquilo que me faz bem. Mas quem disse que eu escuto? Meus ouvidos, cérebro e coração são teimosos, cegos e surdos. Amores sinceros e correspondidos? Só nos meus sonhos literários.
         Parece até sina de poeta romancista: sofrer por amor. Por que sempre queremos aqueles que mais maltratam nosso coração? Por que sempre procuro por isso? Se souber, por favor, me ligue, mande um e-mail, uma carta, um sinal de fumaça, qualquer coisa.
         No fundo, no mais profundo de minhas entranhas, quero um amor que esteja disposto a crescer comigo. Quero novas paixões, certas loucuras, mas tenho medo de mudar demais em virtude delas.
         Abri mão de alguns amores por causa de falatórios alheios, confesso. Minhas razões queriam, mas foram as de outrem que fizeram minha cabeça e decidiram meu destino. E eu fui fraca e covarde por não lutar pelo que eu queria. Mesmo que isso me fizesse sofrer, pelo menos eu teria vivido plenamente.
         Amar, se jogar, se entregar! Eu preciso ter coragem para isso. De modo algum posso cometer o mesmo erro do passado.
         Deseje-me sorte.


Justaposição

Pra quem não se lembra, vou fazer uma pequena rememoração. Aglutinação e justaposição são processos de formação de palavras por composição. Na aglutinação, dois ou mais termos se juntam para formar uma terceira palavra, ocorrendo perda de elementos (água + ardente = aguardente). Na justaposição, também ocorre a união de termos, mas não há perdas (passa + tempo = passatempo) e às vezes há acréscimos (gira + sol = girassol). Agora vamos ao que interessa: A POESIA!

Justaposição
Quando conheceu o pronome, o artigo feminino 
Pensou logo: “Ele é muito possessivo”.
Certamente iria querer um namoro por aglutinação.
O artigo, entretanto, procurava uma justaposição.

Na aglutinação, o artigo perderia seus sonhos de definição.
Mas, na justaposição, o sonho de ambos seria respeitado.
O pronome, supostamente possessivo, investiu numa aproximação.
O artigo, prudente, queria saber mais sobre o candidato.

A justaposição era o maior sonho do artigo feminino.
Ele era romântico e cultivava anseios de liberdade.
Queria um pronome forte e decidido
Que lhe protegesse e amasse de verdade.

E amar, apesar de ser verbo de primeira conjugação,
Deveria abraçar forte o artigo, mas sem impedi-lo de respirar.
Além disso, deveria promover a justaposição,
Onde o artigo e o pronome cresceriam juntos
Com o acréscimo de novos conhecimentos e experiências.

domingo, 20 de março de 2011

Quatro Mãos e Uma Boca

         Suas inspirações constantes estavam afastando-a do parceiro. Já fazia alguns dias que não dispunha de tempo, um tempo razoável pelo menos, para namorar. Então uma lâmpada acendeu em sua mente. Pegou caderno e caneta e seguiu para o quarto. Lá, encontrou seu cônjuge acompanhado da fidelíssima tevê.
         - Amor, você pode me ajudar com meu novo texto?
         - Mas eu não sou escritor, florzinha.
         - Mesmo assim você pode me ajudar.
         - Como?
         - Sente-se. – Ele obedeceu e desligou a tevê. Ela aconchegou-se em seu tórax e pediu a ele que a envolvesse pela cintura. Depois colocou o travesseiro sobre o colo e pegou o caderno e a caneta.
         - E agora, o que eu faço? – quis saber ele.
         - Fique abraçado comigo. Ah! E pode dar uns beijinhos se quiser. – Mal ela terminou de dizer isso e ele a beijou no pescoço, arrancando um risinho.
         - Vai escrever sobre o quê?
         - Sobre carinho. Vamos ver o que sai. – Ela tomou a caneta na destra e começou a soltar as palavras guardadas em seu coração.
         Ele ficou observando por cima do ombro dela e, de quando em vez, beijava-lhe o pescoço e a nuca e acariciava sua barriga. Algumas palavras saíam tortas ou erradas, mas ela estava adorando aquele momento.
         Ao final de uma hora, ela leu o texto em voz alta e ele fez um comentário bastante positivo: ”Está fantástico!”.
         - Obrigada por me inspirar mais ainda. – E, colocando o travesseiro sobre o colchão com caderno, caneta e tudo, beijou seu cônjuge com amor. – Gostou de me ajudar?
         - Sim. Com certeza. Agora o que acha da escritora descansar um pouquinho?
         - O que quer fazer?
         - Quero curtir minha namorada um pouquinho. Que tal colocarmos um par de chifres no lápis?
         - Hummm... Proposta interessante. Eu aceito.
         Ambos sorriram.


Créditos da imagem: Desenho feito por mim com caneta esferográfica.

Declaração à Língua

         Amo o português (o idioma) pelo simples prazer de amá-lo. Reconheço, sim, eu reconheço suas complexidades. Mas você, que percorre estas linhas, vai me dizer que não sente um indubitável deleite ao ler um texto um tanto quanto romanceado, onde frases bem vestidas e elegantes bailam sobre o papel?
         Eu confesso – em qual mídia você quiser, ou mesmo oralmente – que às vezes as ideias surgem tão freneticamente em meu pensamento consciente que sou acometida por uma leve (para atenuar meu pecado) preguiça. Porquanto, deixo a mão correr livre e não me preocupo em elaborar melhor as orações.
         Sinto meu rosto enrubescer diante da vergonha por tal hábito, mas preciso reconhecer: estou dando um péssimo exemplo, principalmente por encontrar-me na condição de escritora.
         O português, apesar de às vezes – quase sempre – eu não lhe dar a atenção e o carinho devidos, sabe que eu o amo com toda a força do meu ser. Sabe, outrossim, que nada vai furtar o brilho dos meus olhos e o júbilo de minh’alma ao escrever um texto como este ou qualquer outro feito com amor.
         Antes de escrever o último ponto, quero agradecer-lhe por fazer-me companhia há já metade de minha vida. Crescemos bastante juntos e esta situação perpetuar-se-á. Ponto final.

sábado, 19 de março de 2011

Ande Com a Sua


Estes dias venho pensando em andar com uma garrafinha de água na bolsa, pois estou bebendo em torno de um litro por dia quando deveria estar bebendo dois. E ontem surpreendi-me tendo pensamentos altamente absurdos. Eu explico. Simplesmente, estava eu imaginando algumas cenas do cotidiano, onde eu viria a tirar a garrafinha da bolsa e beberia alguns goles. E sabe o que eu senti? Vergonha. Isso mesmo! Senti vergonha de andar com a garrafinha d'água.
Eu fiquei simplesmente indignada! Por isso resolvi escrever este post.
Como a gente, inclusive eu, pode sentir vergonha em praticar bons hábitos e dar ótimos exemplos às outras pessoas? Garanto que muitos de nós não tem vergonha de jogar papel de bala no chão ou panfletos de toda espécie pela janela do carro ou do ônibus. Como então a gente pode sentir vergonha em querer hidratar-se constantemente? É o cúmulo!
As pessoas podem olhar pra nós por ser uma atitude pouco comum, mas não nos deixemos vencer pela timidez. Deixemos elas pensarem o que quiserem. Andemos com a nossa garrafinha sempre! O ato de beber água vai nos fazer um bem tão grande que vai compensar todo e qualquer pensamento negativo ou olhar torto que alguém possa nos dirigir.
Eu já estou providenciando a minha!

quinta-feira, 17 de março de 2011

Todos os Amores














Qual o seu amor?
Hostil, viril, febril?
Ardente, transeunte, intermitente?
Literário, autoritário, precário?

Sei.

Como quer o seu amor?
Alpinista, pianista, caligrafista?
Gostoso, receoso, carinhoso?
Emudecido, possessivo, atrevido?

Também.

E se ele for...
Bacana, sacana, banana?
Ousado, suado, tarado?
Amigo, batido, passivo?

Entendo.

Sabe qual o amor que quero,
Desejo,
Almejo?
O seu.

domingo, 13 de março de 2011

Novos Mandamentos Femininos


1. Não esperarás até a décima primeira chamada perdida para atender um telefonema do seu amor. A menos que ele tenha feito uma coisa muito grave como te dar um bolo ou esquecer algum aniversário (o seu ou o do relacionamento).
2. Serás autêntica consigo mesma antes de ser com ele. Diga sim ou não de acordo com sua vontade, e não para agradá-lo ou com a ilusão de segurá-lo por mais tempo;
3. Não se importarás de pagar a conta um dia qualquer, exceto, logicamente, no primeiro encontro.
4. Rirás das piadas dele, mas só das que realmente achar graça, seguindo o principio da autenticidade.
5. Arrumarás um trabalho ou um hobby que lhe seja prazeroso para fazer nos domingos à tarde enquanto ele estiver vendo futebol na tevê.
6. Não farás barraco em público levada pelo ciúme. Roupa suja se lava em casa! Na hora você pode beliscá-lo discretamente com as unhas do indicador e do polegar.
7. Terás vida própria para não enchê-lo com tantos e-mails, torpedos e ligações.
8. Se ele chegar muito suado do futebol e vier te agarrar, tu o convidarás para um banho a dois. É muito mais romântico do que reclamar do seu cheiro.
9. Avisarás a ele quando estiveres muito agressiva em virtude de distúrbios hormonais mensais.
10. Não o compararás com algum ex seu nem com algum atual de uma amiga sua. Pode fazer isso em seus pensamentos mais secretos, mas jamais em voz alta ou por escrito.
11. Aproveitarás cada momento ao lado dele sem medo de ser feliz. Micos, carinhos e briguinhas passageiras são o que movimenta o relacionamento. Todavia, procure não brigar demais.

sexta-feira, 11 de março de 2011

Aos Amigos Recentes ou Imemoriais



Não importa se eu o conheci ontem, semana passada, mês passado, ano passado, há cinco, seis, dez, ou vinte e quatro anos atrás!
Não importa se eu conversei com você hoje, ontem, semana passada ou numa data que nem nos lembramos mais!
Não importa se, dentro do meu coração, você vive numa república, num quarto e sala, numa casa ou num hotel de luxo!
Não importa se, por dia, eu penso em você ou menciono seu nome uma vez, cinco vezes, dez vezes ou se acordo e vou dormir pensando em você!
O que importa é que você é meu amigo (minha amiga). E este fato é incomensurável! 
Agradeço sua amizade seja ela recente ou imemorial!

quinta-feira, 10 de março de 2011

Feche os Olhos Quando me Abraçar


         Você fecha os olhos quando me abraça? Por que não? Você não fecha os olhos quando beija? Então por que não fecha os olhos quando me abraça? Pra quê? Pra mergulhar fundo no abraço, sentir o carinho envolver-nos, perceber nossos olhos brilhando mesmo estando fechados, sentir o coração bater mais forte, renovar as energias e sentir-se amado, protegido. O abraço precisa ser demorado (o amor não tem pressa para mostrar-se), apertado (qualquer distância milimétrica é absurda para senti-lo dentro do meu coração), aconchegante (o amor precisa aninhar-se para sentir-se à vontade) e ser dado com corpo alma e coração. Assim é o meu abraço, o seu abraço, o nosso abraço.

quarta-feira, 9 de março de 2011

A Loba Má


         Ela entrou na sala, sorrateira, e observou-o por um instante. Ele estava sentado numa poltrona saboreando um velho Neruda.
         - Posso? – perguntou matreira, enquanto encostava-se em um móvel de madeira.
         O rapaz levantou os olhos do livro um momento.
         - Conheço esse olhar. O que quer fazer comigo?
         - O que quero fazer com você? Nada - disse, fazendo beicinho. – Só quero sentar no seu colo e te dar muitos beijinhos.
         Ele olhou para o livro, olhou para a namorada e voltou-se para o primeiro:
         - Neruda, com licença, agora é a vez da minha garota. – Olhou para ela e disse: - É todo seu.
         A moça aproximou-se esbanjando charme e acomodou-se em seu colo. Segurando abaixo do queixo dele, ela o beijou discretamente muitas vezes seguidas, mas nem por isso menos ardente.
         - O que está fazendo? – ele a interrompeu em dado momento.
         - Estou brincando com você.
         - E que brincadeira é essa?
         - É aquela “vai, mas não vai”. – Ela mantinha a boca aberta perto da sua, às vezes até encostava seu lábio inferior no dele e constantemente respirava via oral, mas não o beijava. E ele ficava só na expectativa.
         - E o que você acha que vai acontecer comigo?
         - Hum... Acho que vai ficar animado.
         - E o que vai fazer quando eu estiver?
         - Vou te chamar pra irmos pra um lugar mais confortável do que esta cadeira.
         - E para quê?
         - Pra te abraçar melhor, te tocar melhor, te beijar melhor.
         - Você é uma loba muito má, sabia?
         - E você é meu chapeuzinho vermelho. Agora vamos brincar?
         - Claro, minha lobinha. Estou adorando essa brincadeira. – Enlaçando-a pela cintura, ele a beijou com vigor e paixão.
         - Então vamos começar!
         E ambos brincaram a noite toda sem a interferência da vovó ou do caçador.

segunda-feira, 7 de março de 2011

Disposições Para a Felicidade


1. Evite a palavra "não". Guarde-a em algum lugar e só use-a quando o "sim" representar uma mentira ou trouxer-lhe algum mal;
2. Abstenha-se de ressaltar o que lhe falta. Treine sua boca e mente para falar daquilo que tem em abundância.
2.1. Não precisa ser posses materiais. Pode ser a alegria e o amor que transbordam de seu coração, pode ser sua habilidade em fazer ovos mexidos, pode ser ainda seu dom para fazer barquinhos de papel, ou qualquer outra coisa boa que possa ser compartilhada;
3. Livre-se de tudo que não lhe faz bem: pessoas, hábitos, lembranças, crenças e trabalhos. Quanto às coisas das quais não puder se livrar, pare e pense o que pode fazer para elas darem algum prazer a você;
4. Procure a companhia de pessoas alegres e otimistas. Isto o incitará a agir de forma semelhante.
4.1. Dizem que o homem é "produto" do meio. Então se você frequenta ambientes hostis e convive com pessoas agressivas ou depressivas, a tendência é que se assemelhe a elas. Até mesmo por querer se sentir "aceito" pelo grupo ou "pertencente" ao local. Afinal, ninguém gosta de sentir deslocado, um peixe fora d'água;
5. Sorria para vizinhos, familiares, porteiros, vendedores, amigos, mestres, chefes e servidores de toda espécie. Não precisa perguntar nada, apenas cumprimente-os.
5.1. Caso tenha disposição e oportunidade, não se acanhe e trave uma conversa. Muitas pessoas só precisam saber que você percebe que elas existem para sentir que ganharam o dia;
6. Faça seu trabalho com alegria e amor. Tudo que é feito com o coração resulta em excelência;
7. Se algo não sair a contento durante o processo de aprendizado, deixe de lado a crítica e tente fazer diferente da próxima vez.
7.1. O cérebro não precisa de críticas. Se você não acertou, então procure aprofundar-se no assunto, tente fazer a mesma coisa de formas diferentes, até conseguir um resultado que o satisfaça;
8. E o principal: acredite que pode e merece ser feliz!

domingo, 6 de março de 2011

Sonhos Sabotados


         Sonho em ser uma fada azul, mas não tenho asas. Então mudei de opinião. 
Agora quero ser uma princesa e usar um vestido cor de rosa. Mas meus pais não são reis e aquele vestido parece ser muito calorento. Mudei de novo. Agora sonho em ser uma psicóloga de animais. O problema é que não entendo nada que eles dizem!

         A menina cresceu e seus sonhos também.

         Hoje, aos quinze anos, sonho em ser uma atriz famosa. Só que na minha cidade não tem nenhum curso de teatro que eu possa bancar. Então mudei de ideia. Agora quero ser a garota mais popular do colégio. Mas, não importa o que eu faça, continuo invisível. Mudei de novo. Meu sonho é ir morar sozinha para ficar livre da chateação dos meus pais. O problema é que não tenho emprego. Como vou bancar as contas no final do mês? Droga!

         A adolescente cresceu e tornou-se uma mulher.

         Tenho vinte e poucos anos agora e sonho em ser uma escritora bem sucedida. Mas meus textos ainda não são bons o bastante para serem publicados. Mudei minhas metas. Sonho em encontrar um homem bacana e ter um relacionamento sadio e duradouro com ele. Só que os homens de qualidade que conheço são ou comprometidos, ou padres, ou gays. Mudei. Agora quero fazer faculdade de Letras, mas ainda não concluí o Ensino Médio.

         Aos quarenta anos, alguns raros sonhos desta mulher haviam se realizado, mas ela continuava a sonhar.

         Conheci um homem muito bacana na faculdade de Letras e estamos juntos há quinze anos. Publiquei algumas obras de lá para cá e tenho um filho com dez anos. Agora sonho em ocupar uma cadeira na ABL (Academia Brasileira de Letras). A questão é que não sei se meus livros são tão importantes assim para a literatura nacional. Também sonho que meu filho seja um homem de qualidade, uma pessoa de caráter e humana. Tenho ciência, todavia, que isso não depende só de mim. Ele será responsável por todas as escolhas que fizer.

         Numa quarta feira chuvosa, a senhora, já com oitenta anos, lembrava-se de seus sonhos.

         Há dois anos tornei-me uma imortal da ABL. Meus filhos são homens ímpares e meus netos são umas gracinhas. Hoje o meu único sonho é que eu tivesse ido atrás de todos os meus sonhos. Não importa se conseguiria, desde que lutasse por eles. Mas ao invés disso coloquei um empecilho para cada um deles. Admiro com toda a minha alma os poucos que não deram ouvidos aos meus medos e se realizaram. Hoje cá estou eu com meus cabelos brancos rezando para que meus filhos e netos não cometam o mesmo erro. Nem qualquer outro ser vivente, inclusive você que está acabando de ler estas linhas.