quarta-feira, 6 de abril de 2011

Acordo Pré-Namoro


         O cérebro e o coração decidiram de comum acordo principiar um namoro. O coração suspirava por uma aventura romântica. Já o cérebro propôs, em sua racionalidade, um acordo pré-namoro. O coração retrucou de imediato, disse que o amor é livre e totalmente independente de leis. Entretanto, o cérebro, com seus argumentos coerentes e persuasivos, impôs sua vontade. Contrataram então um advogado para redigir o contrato e eis suas cláusulas:
1.      O cérebro responsabilizar-se-á pelas questões racionais do relacionamento, a exemplo de aplicações financeiras, consertos em geral e toda sorte de questões lógicas. O coração, em virtude de seu romantismo, responsabilizar-se-á pelas questões emocionais, como carinhos de toda espécie, reconciliações e questões que exijam um alto poder de amabilidade e compreensão.
2.      É terminantemente proibido a qualquer um dos dois abdicar de suas funções para tentar agir como o outro.
3.      Caso algum dos dois venha a infringir a cláusula de número dois deste contrato, o mesmo será automaticamente cancelado e o relacionamento rompido.
         De posse deste acordo registrado em cartório, o namoro foi iniciado. O coração ficou temeroso, pois não sabia se conseguiria abster-se de querer ajudar, principalmente com conselhos. O cérebro, entretanto, estava confiante, pois tinha certeza que conseguiria se manter racional na relação e jamais se derreteria.
         Nunca mais os dois deram notícias, mas creio que ainda estejam juntos. Caso contrário, o cérebro já teria procurado um advogado para fazer um acordo pós-namoro.

Um comentário:

Unknown disse...

Bem criativo, Sara. Gostei ainda mais pq o texto alia questões jurídicas a poéticas. *-* Lindo!

Abraços do @poemasavulos.