segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Ao Regresso do Amor


E que volte o Amor. O Amor volte. Um Amor de verdade.
Um Amor cabível e honesto. Um Amor que caiba em dois.
De dois se faz um. Um maior, melhor. O todo unificado.

O Amor não é cola. O Amor nos ensina a colarmo-nos.
E se nossos dedos colam-se, quem irá descolá-los? O Amor.
Lembre-se: o Amor ensina a colar tão somente o quebrado.
Cola os dedos a Paixão, que exige um punhado de pele na descola.

E que volte o Amor. Um Amor que una e cure.
A união dos cacos de cada um. A cura deveria vir antes do ‘sim’.
Só por precaução, para ninguém se ferir com os estilhaços alheios.

Ao regresso do Amor, não sei se estou apresentável entre cacos.
A árvore-pássaro já é mais pássaro que árvore.
O vento continua a chamá-la para dançar. Dança, árvore!
E que volte o Amor para arrancar suas, minhas raízes.

Voa, menina. Sê pássaro.

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Despedida dos Sóis




      Ela chegou às dezessete horas de um fim de tarde nublado e apático. Chamou pelo parceiro, mas aparentemente ele não havia chegado ainda. Dirigiu-se à cozinha a fim de fazer um lanche e deparou-se com um bilhete amarelo na porta da geladeira. Sua tez adquiriu a mesma tonalidade ao ler seus dizeres:

Cansei de fazê-la feliz e você
não fazer o mesmo por mim.
Adeus!

      Ela releu o bilhete várias vezes. Não podia crer. Ela lhe dava atenção... Bem, nos últimos meses andara bastante ocupada. Mas ela lhe dera presentes caros. O problema era dele se não gostara de nenhum. E agora deixara aquele bilhete ali...
      Foi um adeus seco. Sem romantismo nem drama; sem promessas de mudança ou juras de amor; sem gritos ou lágrimas; tampouco o sexo depois da reconciliação. E ela também secou com a despedida dos sóis. Secou de tanto chorar.