quinta-feira, 24 de março de 2011

Transição Relutante


Ela era uma menina e seus sonhos eram doces e possíveis, mesmo que a realidade não quisesse admitir isso. Gostava de ser menina, pois a vida parecia ser bem mais bela e promissora pela ótica de uma alma infante. Seus olhos brilhavam mais diante de uma nuvem fofinha ou mesmo estratificada, ou de uma casca de árvore com todas as suas reentrâncias. O mundo era simplesmente incrível e perfeito!
O mundo - pela ótica dos adultos - ao contrário, é bastante cruel. Palavras doces com toques frequentes de crítica, olhares de reprovação e narizes tortos impeliam a menina a crescer.
Ela até queria ser uma mulher forte e bem-sucedida, mas tinha medo. Temia que a maturidade atropelasse seus sonhos e os levasse a óbito. E seus sonhos era tudo que ela tinha. Eles eram a roda que movia seu coração e fazia andar suas pernas. Como ela poderia percorrer os anos que ainda lhe restavam sem suas pernas?
Não obstante todas as infelicidades prometidas pela maturidade, ela queria crescer. E até conhecia uma mulher que conservava a alma de menina. E ela queria ser como esta. Contudo, tinha medo de não conseguir e se tornar uma mulher fria que só pensa em trabalhar pra pagar as contas e perder totalmente a capacidade de sonhar e sorrir.
Confusa e sem rumo, esta menina está aqui na minha frente sem saber que estrada tomar: viver um sonho ou sonhar em viver?
Eu não sei o que dizer a ela, mas sei que em breve descobriremos como desnudar este questionamento para encontrarmos a resposta.

Um comentário:

Anônimo disse...

Já virou um clichê, mas não canso de dizer que adoro teus textos, Sara. *-* E esse, então? Nossa! Retrata uma espécie de síndrome de Peter Pan, só que aplicada às mulheres. Fala de sonhos, de infância, da rispidez da idade adulta... Muito interessante. Achei linda parte em que a menina fica na dúvida: sonhar em viver ou viver pra sonhar. *-* Lindo!

Abraços do @poemasavulsos (e do @elvisfilho também... HAHAHA!).