quinta-feira, 23 de junho de 2011

Asas de Cera

Meu coração adora se apaixonar por amores platônicos.
"Pra quê?" - pergunto-lhe.
"Para se sentir vivo. Ao menos isso" - ele responde.
Triste sina de uma velha cantiga.
Um coração invisível, um sofrimento latente.
Uma injustiça: meu coração vê o seu.
Mas onde está a veracidade da recíproca?
Vagueio pelas nuvens.
Transformo “ses” em atos concretos.
Somente em minha mente. Esta mentirosa.
Meu coração sonhador. Este gigante que não percebe que as asas são de cera.
“O que fazemos?” – suplico dele.
“Sonhamos. É o que podemos fazer enquanto a realidade não nos insere em seu contexto” – declara num transbordar de esperança.
Então vamos sonhar sonhos muito coloridos.
E rezar para que a realidade venha ao menos em preto e branco.
Talvez em cores primárias. Na melhor das hipóteses.
Quero já. Quero agora. Mas nenhuma novidade surge no horizonte.
E vou vivendo com esta amargura ressonante.
Rezando para que alguma história se inicie.
Afinal,o final feliz só acontecerá mediante um começo.
E aguardo.
E sonho.
E mudo.
E me aproximo do sol.
E caio.
E reconstruo minhas asas de cera.

4 comentários:

Anderson Meireles disse...

Como comentar algo que está além do que consigo contemplar?
Meu coração é um menino e está num nível bem abaixo do que acabei de ler. Por isso, hoje, tudo que posso deixar aqui é a disposição de aprender com você!
Obrigado por compartilhar,
abraço!

Dan Porto disse...

Simplesmente:
Brilhante!

Sara Carvalho disse...

Obrigada, meninos!

Lucas Marreiros disse...

Eu queria ser poético desse jeito haha.
Mas que texto lindo *-*