A época de suspirar pelo príncipe encantado escorrera há muito por entre os dedos do tempo. Agora se faz urgente mudar o pensar e focar os anseios na busca por um amor humano (lê-se imperfeito) e possível de ser encontrado n’alguma esquina ou, quiçá, na fila do banco, no caixa do supermercado ou no ponto de ônibus.
A idade começa por mostrar seu peso e o último desejo que posso acalentar é o de perpetuar minha solidão. Então me percebo com uma difícil missão: abrir mão de algumas exigências quanto ao meu par. Afinal, é deveras estafante retirar estes vícios e (in)virtudes incrustados em meu íntimo.
Características físicas e materiais deixaram de me preocupar há um tempo que nem me atrevo a contabilizar. O que busco – o clamor do meu âmago – é uma alma. Não quero que ela me seja gêmea. Já basta uma de mim em minha vida. Quero alguém diverso, mas que tenhamos algumas afinidades para termos o que compartilhar quando nossas bocas ansiarem por um descanso. Quero que o amor tenha alguns defeitos e qualidades que me faltam para que haja um equilíbrio; para que assim nos completemos.
Uma pessoa perfeita (sinto dizer que esta não existe) é monotonamente previsível. E a graça da vida é sua constante mutação (para melhor, claro).
Quero salientar, todavia, que meu coração não está aberto para qualquer um. Mas estou disposta a abrir mão de algumas exigências se for um cavalheiro que valha a pena. Contudo, de duas eu faço questão: amor sincero e disposição para crescer junto comigo.
Posso ser flexível, mas não serei irresponsável, tampouco masoquista, de entregar meu coração para algum exterminador de sonhos.
Um comentário:
Todos os amores humanos são imperfeitos e falíveis. Não é fácil encontrar a pessoa certa, disso podes ter a certeza...
Gosto da forma como escreves, clara e lúcida. Parabéns,
Abraço
Runa
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