quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Sexo Linguístico

Abraça-se às minhas palavras.
Enrosca-se com as rimas desta poesia.
Beija os meus versos contidos.
Lambe os verbos no infinitivo.
Suga as entrelinhas.
Morde o contexto.
Amassa os devaneios do eu lírico.
Aperta os sentimentos em desalinho.
Cheira o sussurro das conjunções.
Grita o gozo do predicativo.
Agora deixe-me brincar com o aposto.
Aconchegar-me em teu soneto.
Tagarelar teus adjetivos em afonia.
Se ainda assim sobrar algum silêncio,
Deixa-o acomodar-se em nosso enlace
E roubar-nos tudo que seja inexprimível
Pela insuficiência de palavras que lhes traduza
Com exatidão e competência.

Vinte e Dois de Novembro de 2011

2 comentários:

Jeane Meire disse...

Muito bom!!!!!!
Sério.
Embora alguns já saibam é sempre bom ouvir o quanto você é bom...E você é boa nisso!!
=**

Poeta da Colina disse...

Exatemente! Tiremos das palavras essas condições.