domingo, 18 de junho de 2017

Tango para um

O bandoneon começa.
O corpo vai junto, se enrosca.
A cabeça cede
E os cabelos negros se espalham.
Não há vento.
Fogo é o que há.
O tronco se arqueia.
O peito se lança, se abre.
A pélvis, solta, entregue...
Ah, a pélvis chicoteia o vento!
O corpo inteiro é prazer.
E dança.
Não me governo mais.
É o tango.
Eu sou o tango.
Giro e voo neste ambiente minúsculo.
Suavemente, desço ao chão.
Não há testemunhas.
O fogo é meu e para mim.
Estou totalmente entregue ao prazer e ao tango.
Então, embeveço, entorpeço, crepito inteira.
O corpo se enrola, se embola.
O corpo inteiro é prazer.
Levanto-me, serpente, outra vez.
O bandoneon cessa.
O prazer continua.

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