sábado, 15 de fevereiro de 2014

(In)tento

As palavras, natimortas, são laçadas à boca deste que se diz poeta.
Se é poeta, decerto perdeu o tato com as palavras; não consegue colori-las mais.
Chamem o Manoel de Barros para encantar sua alma desconexa!

Uma alma infante que restitua a magia da criação.
Uma mãozinha leve e serelepe, sem fracassos no bolso.
Uma nova encantada e potentíssima imaginação.

Ser novamente criança; ser poeta-menino e lambuzar-se com os versos.
Brincar de esconde-esconde com as palavras e encontrar aquela perfeita.
Ver fantasia no real e transformar rio em cobra, nuvem em ovelha.
Escrever com a confiança de quem escreve a história mais fantástica do mundo.

Ter nos olhos um encanto constante e desnudo.
Se Manoel de Barros viesse, diria para fazer uma transfusão urgente de encanto.
“Se quer mesmo ser poeta – diria ele –, veste-se de menino e vai para a vida passear”.

Vai! Que faz ainda aí parado?

Um comentário:

Poeta da Colina disse...

Algumas vezes sinto que já não sei o que sabia antes, que hoje as palavras me parecem mais escondidas. Não sei se sofro menos ou se deixei crescer demais a poesia.