As palavras, natimortas, são laçadas à boca deste que se diz
poeta.
Se é poeta, decerto perdeu o tato com as palavras; não
consegue colori-las mais.
Chamem o Manoel de Barros para encantar sua alma desconexa!
Uma alma infante que restitua a magia da criação.
Uma mãozinha leve e serelepe, sem fracassos no bolso.
Uma nova encantada e potentíssima imaginação.
Ser novamente criança; ser poeta-menino e lambuzar-se com os
versos.
Brincar de esconde-esconde com as palavras e encontrar
aquela perfeita.
Ver fantasia no real e transformar rio em cobra, nuvem em
ovelha.
Escrever com a confiança de quem escreve a história mais
fantástica do mundo.
Ter nos olhos um encanto constante e desnudo.
Se Manoel de Barros viesse, diria para fazer uma transfusão
urgente de encanto.
“Se quer mesmo ser poeta – diria ele –, veste-se de menino e
vai para a vida passear”.
Vai! Que faz ainda aí parado?
Um comentário:
Algumas vezes sinto que já não sei o que sabia antes, que hoje as palavras me parecem mais escondidas. Não sei se sofro menos ou se deixei crescer demais a poesia.
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