“O que você acha?” – imprecisa
pergunta comungada pela saliva de tantos. Minha resposta é nevoenta: depende. O
que se perdeu? Está perdido de fato? Se tu me impõe o opaco, como exiges que eu
seja a transparência? Não sou contra nem a favor de teus pensares
inespecíficos.
Não estou subestimando, aquém de
mim, teus achares. Devem ser valiosos. Devem, mas não garanto que venhas
ressarcir teus credores. Porém, eu só acho o que perdi, o que não sei onde pus,
se no espaço ou no tempo.
Agora, quando inquirida a minha
opinião, o interlocutor transpõe a neblina, revelando, despudorado, suas
intenções.
Minhas palavras, portanto, não
precisam ser achadas. Organizadas? Certamente. Alinhadas numa frase com o
comportamento de uma dama em determinado contexto, mas que seduza, sob a
meia-luz de um caprichoso pretexto, o ouvinte.
Dispenso qualquer “eu acho” que
não saiba determinar os particulares de uma conversa. Contudo, se quiser
partilhar pareceres, seja específico. “Qual a sua opinião?” – eis a pergunta
que deves tomar em tua saliva nas preliminares do diálogo. De névoa já me basta
este ar impudico de charutos e do blues ao piano.
Um comentário:
Achar é a mãe de todos os erros.
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