sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Gole de Lucidez


         A loucura tomou um gole de lucidez e embriagou-se de apatia. A realidade converteu-se em água fria e lançou-se sobre minha euforia. Não tiro sua razão. A minha que estava em desuso. Na verdade, achei-a por acaso dentro de uma conversa informal.
         Quando o amor veio foi com pressa e intensidade. Encontrou meu coração na vontade e cativou-me. Mais que isso. A loucura amordaçou a ingenuidade. Incitou a fome de liberdade. O medo foi quem puxou o freio de mão, apressado. Um coração descompassado. Alívio ao dobrar a esquina antes de um beco sem saída.
         A vida pôs o dedo no meu olho: “Não pode ser assim”. Não pode. Tudo bem. Não vou colocar o dedo na tomada. Eu não nadei até aqui para morrer afogada. A ilha está logo adiante. Que custa nadar mais um pouco?
         A sede é grande. O mar é abundante. Mas o sal é intragável. O desejo de mergulhar é mútuo. Sim, nós vamos. Marque na sua agenda. Só não estabeleça datas rígidas. Quero explorar a ilha junto com você. Antes, todavia, garanta-nos água potável e protetor solar. A aventura reserva seus encantos, mas também esconde suas obscuridades. O dia é claro. A noite, sorrateira, deixa ver apenas o reflexo do luar.
         Respire. Vamos desacelerar as braçadas. A exaustão pode deixar-nos à deriva. Nademos contra a maré. Sobrevivamos à afobação. Deixe que a pressa afunde sozinha. A plenitude resgatar-nos-á no final do horizonte.

Nove de Setembro de 2011

2 comentários:

Anderson Meireles disse...

Que toda pressa desnecessária, afunde sozinha e eternamente!
Lindo texto!

Poeta da Colina disse...

Juntos, o para onde pode esperar.