Era uma casa na floresta. Sua fachada era simples, mas produzia um certo encanto nos observadores. À noite, parecia ter uma luz própria, mesmo nas noites sem luar. Muitos passavam direto por ela, talvez por medo. Outros paravam no jardim e ficavam contemplando-a.
Sua única moradora era uma velha senhora de idade incomensurável. Às vezes, ela saía à porta e observava os transeuntes. Alguns sorriam e ela se aproximava. Cada pessoa era conhecida e, em pouco tempo, a velha senhora dizia até que ponto da casa aquela criatura poderia ir.
Alguns ficavam no terraço, outros podiam entrar para a sala, uns poucos tinham a oportunidade de chegar à cozinha e raros eram os que conseguiam conhecer os quartos. O lugar dependia da confiança que a pessoa despertasse na velha senhora. Alguns ela confiava quase nada e estes ficavam no terraço. Esta condição poderia ser temporária e depois a pessoa instigar confiança para passar à sala, ou poderia ficar a vida inteira no terraço. Outros exalavam tanta confiança que logo iam para a cozinha e, por conseguinte, para os quartos, onde ficavam conhecendo os maiores segredos da casa.
Diversas vezes aconteceu da velha senhora confiar demais em pessoas que não mereciam tanta confiança. E estas ela expulsava para além do jardim. Não obstante as decepções, era doce e afável. Porém, tinha um certo receio em mostrar-se a todos. Mas a maior decepção de todas era, sem dúvida, quando alguém tentava forçar uma elevação de nível, principalmente quando se tratava das pessoas dispostas no terraço. Estas sempre adotavam abordagens muito bruscas e violentas.
Certas pessoas, entretanto, a velha senhora confiava tanto que lhe faltava chaves para entregar a elas. E não se tratava de paixões, eram em sua maioria amigos. AMIGOS. O cantinho do amor estava todo decorado; vez por outra ela limpava tudo, só esperando o dia que ele chegaria. Mas desde tempos longínquos este estava vazio.
Esta era a vida da velha senhora: selecionar pessoas para adentrar seu coração na esperança de que alguma delas trouxesse o metal precioso do amor para iluminar e aquecer a casa solitária da floresta.
Um comentário:
Liiiindo milady, chorei ao lê-lo!
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