Amanheceu em minha alma. Porém, ainda continua escuro. Acordei exaurida. O novo não despertou em mim nenhuma esperança. Como o vento me trouxe em alguma feita: “Acredito no amor, mas não que ele seja pra mim”.
Amanhece, anoitece, mas não faz diferença nenhuma. Continua escuro e desesperançoso. À noite, todos os gatos são pardos, mas eu sou invisível mesmo ao sol do meio-dia.
Pensei que só os heróis fantásticos tivessem o dom da invisibilidade. Mas eu sou translúcida, vagueio por entre as pessoas que me atravessam indiferentes e não tenho super poder nenhum. Nem ao menos o de reverter a invisibilidade. Isso não é um dom, é uma condição imposta. Imposta por quem? Pelo destino? Pelo carma? Pelo capricho dos deuses?
Eu ainda quero acreditar. Mas a minha esperança é tão ínfima, microscópica. Não acredito em milagres, mas só um para me fazer crer que o amor seja pra mim também.
Meu corpo tem vinte e poucos anos, mas meu espírito deve ter uns mil, para estar tão exaurido e descrente. Eu não o culpo. Parece mesmo que o amor nos excluiu de suas responsabilidades.
Um dia, logo no começo de minha vida de escritora, escrevi-lhe uma carta perguntando por que ele havia sumido. Ele até respondeu a carta, mas nunca veio. Só deu algumas passadas rápidas para dar-me uma alegria ínfima e depois deixar uma dor dilacerante no meu peito. Mas não vou escrever outra carta pra ele, é perda de tempo.
Vou ficar aqui com minha velha conhecida: a desesperança. Às vezes ela fica feliz com uma lata de brigadeiro e me dá uma trégua de algumas horas, até de alguns dias, quando está de bom humor.
Um comentário:
Genialidade, essa é a palavra. De tudo o que você escreveu, encontro uma grande vantagem: você não se ilude. Vive as coisas boas e ruins de cada dia.
Genialidade... gênios são frutos de tragédias.
Me lembrei desse texto antigo que escrevi, se puder ler, deixo o link: http://filosofandoocotidiano.blogspot.com/2008/12/tragdia-uma-rvore.html
Forte abraço!
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