Medo de ser amado. O que é o medo, afinal? É algo que nos paralisa e nos finca no chão, proibindo-nos de dar um passo sequer, seja para frente ou para trás. Criamos raízes no ponto em que paramos. Lembramos do passado, sentimos as emoções ruins que nos prenderam ao solo. Enquanto isso nós olhamos para o futuro com o pesar de quem não pode ir brincar no horizonte com as borboletas, quando estamos minimamente bem para enxergá-las, mesmo que difusas e em preto e branco.
Já sabemos o que é o medo. Então por que o medo de ser amado? De onde ele provém?
Poderia alegar que foram os fracassos dos relacionamentos de outrora. Mas, caso não os tenha tido, que outro pretexto poderia utilizar? Por que somos acometidos pelo medo? O medo vem quando nos vemos diante de algum perigo real ou imaginário. Ou ainda pela possibilidade – mesmo que remota – de sofrer novamente um dano de outrora. O que passaste no passado que hoje te faz sentir este medo de ser amado? É realmente medo de ser amado? Ou seria medo de ser usado? O que fizeram contigo? O que fizeram com tua visão do amor? Melhor dizendo: o que fizeram com tua visão de exteriorização de amor e desejo? O que fizeram com tuas utopias? Transformaram-na em instinto, o que os literatos chamam de zoomorfismo? Eles foram tão animalescos assim contigo? Por isto tem medo de que estes “animais” se aproximem de você novamente?”
Existe um único princípio para a natureza: os animais só atacam quando tem fome ou quando se sentem ameaçados. Percebesse agora? Eles não queriam machucá-lo, apenas saciar sua fome. Não estou aqui para defendê-los, de forma alguma. Eles não agiram corretamente. Mas quem disse que um animal guiado pelo instinto age da maneira certa? Os irracionais sim, pois eles só buscam sua própria sobrevivência. Os ditos racionais, entretanto, não pensam coisa alguma, e procuram prazeres da mesma maneira que um selvagem busca alimento. Não sabem eles, que o prazer é uma invenção humana e, portanto passível de muitos erros no projeto. E, quando o raciocínio é deixado de lado e o instinto assume, as coisas desmoronam de vez, visto que o animal dentro de nós não conhece nada de cálculos ou é capaz de ler qualquer manual de instruções.
Então chegamos ao ponto que talvez esclareça toda esta questão e dissipe este seu medo. Seu medo não seria o de ser amada por alguém que fosse semelhante aos “animais” do seu passado? Pense um pouco: aqueles a quem se afeiçoa não poderiam ser “animais” também? É uma faca de dois gumes. O seu juízo também é passível de enganos. Por que não permite uma aproximação? Mas não descuide de suas garras, pode ser que precise usá-las.
Um comentário:
Então ama, ora e vigia.
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