Acabo de
queimar o desenho que lhe prometi. Eu sei, eu o prometi a você. Também sei que,
quando o prometi a você, meu sentimento ainda parecia recíproco. Tanto parecia,
que convenci-me a desenhá-lo. Agora, vejo o fogo alto queimá-lo. Em breve será
pó, exatamente como as minhas esperanças. Queima, coraçãozinho, queima. Queima
cada lágrima, cada sonho.
Enquanto
observo o laranja quente do fogo, lembro com exatidão o quanto você ficou
empolgado quando viu o desenho e a carinha que você fez ao pedi-lo para mim. Eu
pensei, sincera e ingenuamente, que você soubesse o que aquele desenho
representava e que, justamente por sabê-lo, você o queria para si. Mas você não
sabia, ou fingiu não saber, que eu queria para nós exatamente aquilo que eu
havia traçado e colorido no papel. Eu, porém, tinha plena consciência disso e,
agora que este amor morreu antes mesmo de nascer, não tenho mais motivação para
concluir o desenho. Não tenho motivação para alimentar um sonho que era só meu.
Então, resolvi rasgá-lo e queimá-lo. Afinal, se você não quer a situação que o
desenho ilustra, também não darei minha arte a você. Prefiro extingui-la, assim
como extinguirei o sentimento que tenho por ti.
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