Ela decidiu: iria. Pegou o dinheiro escondido na gaveta de roupas íntimas. Saiu. Os passos iam seguindo os paralelepípedos da rua. Sua mente estava a mil e seu rosto ficava rubro cada vez que se lembrava do que estava prestes a fazer. Seu coração gritava descompassado.
Dobrou a esquina. Viu o seu destino. A ansiedade tomou-a. Pensava no que as pessoas pensariam ao vê-la fazendo aquilo. “Ah, isso é puro preconceito!” – confrontou o pensamento ansioso. Entrou na padaria. Não havia ninguém lá fora os funcionários, só um senhor que surgiu na boca do caixa quando ela se aproximou do mesmo.
O coração acelerou. Era um pensamento ultrapassado. Ela sabia disso. Mas a ansiedade não dá ouvidos a nada nem a ninguém. Aproximou-se mais do caixa e pegou uma camisinha. Entregou a nota à vendedora. Esperou o troco. Guardou o pacote desesperadamente sem jeito dentro da bolsa. Para aumentar seu nervosismo, a mulher ainda quis lhe dar um troco maior, o que fez com que a operação se tornasse mais demorada. Saiu apressada tão logo pôde.
Caminhava pela rua, rindo rubra do que acabara de fazer. Começou a imaginar o próximo encontro com o namorado. Sorriu ininterruptamente ao visualizar-se desengonçada e tímida, mostrando o pacote esverdeado a ele. Mas às vezes precisava voltar ao mundo real na hora de atravessar uma rua. O encontro ainda não tinha acontecido.
Ela então escondeu a camisinha num bolso “secreto” da bolsa que sempre usava quando ia encontrar o seu amor e ficou no aguardo por notícias e convites dele para se encontrarem.
4 comentários:
Que cantinho mais lindo!
Beijoo
O teu ritmo é envolvente! Gostei do texto. Bem descontraído.
Abraços do @poemasavulsos.
Um amigo meu diria, que o "não" você já tem.
Gente, obrigada pelo carinho!
Voltem sempre!
Beijos.
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