Eu sou cromossômico. Sou mínimo na vastidão. Um zigoto que deu certo. Uma semente de carvalho que anseia por raízes. O pássaro depenado dentro do ninho que sonha com o voo. Sou uma partícula do mundo. Pareço ínfimo. Entretanto, o mundo não existiria dessa maneira sem mim. Seria totalmente diferente. Se tirássemos um pouco de azul, a Terra não seria tão “planeta água”.
O mundo é um sem-número de partículas como eu. Mas a maioria se isola do grande todo. Existe, usufrui, mas não se sente integrado. Às vezes nós nos sentimos assim quando o mundo não quer seguir nossas vontades. Eu mesmo me peguei pensando assim hoje. Mas se eu tenho o direito de chorar, de ser antipático, de sorrir e de festejar, por que o Universo também não tem? Não é o mundo que tem que se adaptar às nossas oscilações de humor. Nós é que precisamos aceitar os seus períodos de vida e morte. A morte não é só extinção, é qualquer baixa de humor, chuva, trovões. Sabe quando o dia está nublado, cinza? É a natureza dizendo que está triste, sem querer muito contato.
A parte renova-se no todo. Como uma folha, que só permanece viva enquanto na árvore. No chão, murcha e seca, até ser absorvida pela Terra. A vida jamais é desperdiçada. Ela simplesmente é direcionada para outro lugar.
Quando me sinto cansado e desanimado, tenho certeza que me desliguei da fonte. Quis criar uma vida paralela à Vida. Então é hora de voltar para o todo para beber desta. Afinal, eu só posso me sentir vivo se estiver em contato constante com a Vida. Sem ela somos folhas secas: estamos ali ocupando espaço enquanto nosso último resquício de vitalidade não é absorvido para gerar novos brotinhos.
Se sou parte, então não posso me desligar do todo. A Vida é uma só. Não existem vidas paralelas que possam ser plenas e felizes.
Dezoito de Novembro de 2011
2 comentários:
"Todos nós somos um." Belo texto. Bem que você disse que eu iria gostar! Gostei demais, Sarinha. =D
Tudo se constrói do mínimo, do mais essêncial
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